Texto: Júlia Pestana
No Brasil, estima-se que 4% das pessoas trans e travestis possuem um emprego formal, segundo um levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). A falta de maiores dados oficiais sobre essa população dificulta a criação de iniciativas voltadas para uma inclusão efetiva. Entretanto, na tentativa de mitigar essa lacuna, projetos como a TransEmpregos chegam a empregar 800 pessoas trans em um ano. Em entrevista exclusiva ao Jornal Giro News, a idealizadora da plataforma, Márcia Rocha, conta que, desde o seu lançamento, em 2013, o projeto já empregou 24 mil profissionais trans no país. “Estamos com 1.600 empresas, dessas 200 são multinacionais.”
Anúncios Automatizados
O site de empregabilidade é gratuito, tanto para as empresas quanto para o candidato. “Nós recebemos mais de 30 oportunidades por dia para colocar no site, então tivemos que automatizar o sistema. Hoje, a empresa lê a nossa cartilha, faz o anúncio diretamente e nós apenas conferimos e postamos nas redes sociais”, explica Márcia. Em 2020, foram contratadas 720 pessoas e, em 2021, houve um aumento de 109%, contabilizando 787 contratações. “A TransEmpregos cresceu juntos dos debates sobre diversidade. Há dez anos não havia visibilidade das pessoas trans, faz parte do movimento de perceber que existe um ser humano e que é digno de direitos”, afirma a empresária.
Compromisso com a Diversidade
Márcia foi a primeira advogada transexual a ter o direito de usar o nome social na carteirinha da Ordem dos Advogados do Brasil. Diante da sua trajetória, conta que a meta é que a TransEmpregos não precise existir. “A finalidade é fazer com que o mundo nos veja como pessoas capazes de trabalhar. O sucesso da TransEmpregos virá quando a tarefa não for mais necessária, quando as trans tiverem dignidade e independência.” Além disso, pelo lado das empresas, Márcia ressalta que negócios que têm compromisso com a diversidade apresentam uma performance financeira melhor. “Tem gente capacitada, criativa e várias visões, mas as empresas não contratam por preconceito e apenas perdem nos negócios”, finaliza.( Giro News)