São João Bosco
Eu não hesito em chamar de ‘divino’ a este meio – medite-se nestas palavras -, pois o próprio Deus valeu-se dele para a regeneração do homem. Foram os livros por ele inspirados que levaram ao mundo inteiro a doutrina certa… Cabe a nós, pois, imitar a obra do Pai celeste.
Os bons livros, difundidos no meio do povo, são um dos meios capazes de sustentar o reino do Salvador em muitas almas… Eles são tanto mais necessários quando a impiedade e a imoralidade, hoje em dia, se servem desta arma para fazer estragos no redil de Jesus Cristo, para conduzir e arrastar à perdição os incautos e os desobedientes. Por isso é necessário opor arma contra arma.
Acrescente-se que o livro, se por um lado não tem aquela força intrínseca que envolve a palavra viva, por outro lado apresenta vantagens ainda maiores em certas circunstâncias. O bom livro entra mesmo nas casas aonde não pode entrar o sacerdote, é tolerado até pelos maus, como lembrança ou presente.
Ao ser apresentado, o livro não se ruboriza; descuidado, não se inquieta; lido, ensina a virtude com calma; desprezado, não se lamenta e deixa o remorso que eventualmente desperta o desejo de conhecer a verdade; e enquanto isso, ele está sempre pronto a ensiná-la.
Às vezes, ele fica empoeirado sobre a mesinha ou em uma biblioteca. Ninguém pensa nele. Mas chega a hora da solidão, ou da tristeza, ou da dor, ou do tédio, ou da necessidade de lazer, ou da preocupação com o futuro, e esse amigo fiel se livra de sua poeira, abre suas folhas e renovam-se as admiráveis conversões de Santo Agostinho, do Beato Colombini e de Santo Inácio.
Cortês com os medrosos devido a respeito humano, o livro conversa com eles sem inspirar suspeitas a ninguém. Familiar com os bons, ele está sempre pronto a dialogar, vai com eles a todo instante, a todo lugar.
Quantas almas foram salvas por livros bons, quantas preservadas do erro, quantas encorajadas para o bem! Quem dá um bom livro, mesmo que não tivesse outro mérito senão despertar um pensamento de Deus, já adquiriu um mérito incomparável junto a Deus. E com isso, quanto bem acontece!
Em uma família, se o livro não é lido por aquele a quem foi destinado ou doado, é lido pelo filho ou pela filha, pelo amigo ou pelo vizinho. Em um vilarejo, às vezes o livro passa pelas mãos de cem pessoas; e só Deus sabe o bem que produz um livro em uma cidade, em uma biblioteca que faz empréstimos, em um círculo de operários, em um hospital, quando dado como sinal de amizade.
SÃO JOÃO BOSCO [Giovanni Melchior Bosco, 1815-1888] é conhecido como o “pai da juventude”. Notável educador, dedicou-se à imprensa católica. Fundou a Pia Sociedade de S. Francisco de Sales (Salesianos) e a Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora. Numa época de crise entre a Igreja e o Estado,assumiu importante papel de interlocutor entre eles. Ao morrer, Dom Bosco contava com 768 membros na Sociedade, 26 casas na América e 38 na Europa. Foi canonizado em 1934 pelo Papa Pio XI.
Fonte: http://revista.olutador.org.br