Em toda a cidade por onde passamos há sempre uma praça, normalmente no centro das cidades pequenas onde fica a igreja matriz, a prefeitura e alguns serviços. Nas cidades grandes há muitas praças. O que todas têm em comum é que levam o nome de personalidades da cidade ou personagens históricos nacionais, às vezes, há esculturas de seus bustos. Sempre gente importante, benfeitores, provavelmente quem pagou a construção da praça ou financiou alguma obra da cidade, talvez tenha prestado algum serviço à população. Sempre os poderosos do lugar, nunca vi o nome de algum trabalhador ou de alguma pessoa pobre na placa da praça. Leio todas, quando existem, se ainda não foram roubadas ou danificadas. Gosto mais das pequenas praças, dos pequenos lugares.
Ali, além das estruturas tipo parquinho infantil, passeios públicos, bancos, jardins e chafarizes, há mais vida me parece. Há os que passam e há os que vivem na praça. O velho pipoqueiro talvez seja a figura mais emblemática desses lugares. Me interesso por suas histórias. Em alguma cidadezinha qualquer, o pipoqueiro me contou que está ali há 40 anos, desde que a sua estrutura era só uma banquinha com a panela sempre a estalar o seu produto. Penso que já evoluiu seu negócio tendo hoje um carrinho mais ajeitado, mais bonito, seguro, cumprindo as normas sanitárias. Gosto de conversar com o pipoqueiro da praça. Por estar ali há um tempão cumprimenta todo mundo, todos sabem seu nome. Já vendeu pipoca para os pais das crianças que agora o chamam. Há pipoca salgada, doce e umas coloridas que, para mim, não têm o charme e nem o gostinho das originais.
O pipoqueiro da praça conta que criou os filhos com a renda da carrocinha, deu estudo a todos e tem até um filho professor. Fala com orgulho da sua vida, entre a venda de um saquinho e outro de pipoca, sempre mexendo a geringonça pipoqueira para o produto não queimar, para manter a qualidade reconhecida na praça. O pipoqueiro reclama do preço do milho, conta como era a vida na cidade quando começou a trabalhar ali, fala da construção do coreto e dos vândalos que, de vez em quando, estragam toda a estrutura onde tem o seu local de trabalho, onde passou a maior parte da sua vida, praticamente a extensão da sua casa. Acho os pipoqueiros sempre simpáticos, nunca vi nenhum de cara fechada. Enquanto saboreio a pipoca quentinha me encanto com as suas histórias e através dele conheço mais a cidade. Conta de uma grande briga que ocorreu na praça, que chamou a polícia e depois soube que um dos briguentos era filho do prefeito, disse que ficou envergonhado, o coitado. Lembra que a praça era muito escura, que havia muita prostituição no local, mas agora as senhoras que oferecem seus serviços mudaram para a rodovia que foi construída atravessando a cidade. Foram para longe, ainda bem, pois o pipoqueiro não gostava daquela pouca vergonha por perto.
Na sua ingenuidade nem cogita que maiores obscenidades podem estar sendo feitas pelos playboys que estacionam seus carrões por ali. Como são parecidas todas as praças! Nós continuamos vivendo na praça, eu conversando todo dia com o velho pipoqueiro. Por um tempo fazemos parte da praça e ela faz parte da nossa vida, assim como o velho pipoqueiro que nunca terá seu nome na placa da praça, muito menos seu busto…talvez seja melhor mesmo ficar eternizado na memória das crianças!
Que linda crônica, quem nunca comprou pipoca na praça?
Eu adorava ir praça compra pipoca, que lembrança boa.
Todos temos essa vivência. Agora vizinhamos com os velhos pipoqueiros!❣️
Engraçado como algumas praças tem nome de doutor, mas quem a gente lembra mesmo é do pipoqueiro.
É isso!
E continua aqui conosco no Exempplar. Lia!
Engraçado como muitas praças tem nome de doutor, mas quem a gente lembra mesmo é do pipoqueiro.”
Até hoje, nas praças, temos pipoqueiros e poucas mulheres trabalhanfo como pipoqueiras .
Já vi uma tenda de “pipoca das gurias” , isto significa que estamos tendo mudanças neste trabalho.
Olha só que interessante!
Que história bacana
Que cidade é essa??
Tô curioso pra saber se terá alguma história daqui da cidade
Verdade!As praças fazem parte da nossa vida.
Que bom estás conosco também aqui no Exempplar! Obrigada ❣️
O Engraçado é que muitas praças tem nome de doutor, mas quem a gente lembra mesmo é do pipoqueiro.
Aqui em Ilhéus tb tem a carrocinha que leva o nome do famoso pipoqueiro da praça, todos conhecem a famosa Pipoca do Sodré
A história se repete! Obrigada pelo comentário!
E continua aqui conosco no Exempplar! ❣️
A lembrança é uma forma de encontro.
Bem isso mesmo! Ótima lembrança.
As praças são sempre um ponto no mapa de cada cidade que viajantes visitam. São o convite a chegar, entrar e ficar. E quando são povoada por trabalhadores do povo, pipoqueiros e outros, são repletas de vida e história.