O Língua de Trapo era um grupo musical paulista que promovia apresentações com conteúdo humorístico em diversos ritmos musicais.
Surgido em 1979, nos estertores da Ditadura Militar, no interior da Faculdade de Comunicação Social Cásper Libero, fizeram bastante sucesso, principalmente entre o público jovem e universitário, por seu conteúdo de crítica política e social e postura de esquerda festiva.
Sua formação inicial contava com Laert Sarrumor, Guca Domenico, Luiz Domingues e Pituco. Chamavam-se de “Laert e seus Cúmplices”. Logo juntou-se ao trio Carlos Castelo e Lizoel Costa, colegas de faculdade do trio.
Em 1980, começava oficialmente o grupo Língua de Trapo, com o lançamento de sua primeira fita demo, denominada “Sutil como um Cassetete”, que era vendida nos corredores da faculdade e nos shows, principalmente no circuito universitário e em festivais de MPB.
O Língua de Trapo foi um dos nomes de destaque do movimento Vanguarda Paulistana, formado a partir dos músicos que se apresentavam no Teatro Lira Paulistana, em Pinheiros. Mesmo não tendo ligação especifica um com o outro, todos tinham em comum o fato de serem independentes, donos de seus próprios selos, lançando seus trabalhos sem interferência dos burocratas das gravadoras.
Em 1985, o grupo participou do Festival dos Festivais com a canção ‘Os Metaleiros Também Amam’, que chegou até a final da competição. Os Metaleiros Também Amam foi a música mais vaiada pelo público.
Em 1987 a banda encerrou suas atividades, ficando inativa por 4 anos.
Em 1990 Laert Sarrumor, um dos fundadores do grupo, montou um show solo intitulado “Perigozo”, em que se apresentava como “Laert Sarrumor e Língua”. O show contava com novas composições de sua autoria, e algumas mais antigas que haviam ficado de fora dos discos gravados até então pelo Língua de trapo.
Em 1991, após uma série de apresentações do show “Perigozo”, e muitos pedidos dos fãs, a Banda Língua de trapo retornou aos palcos. A partir daí seguiram-se os lançamentos dos Álbuns: “Brincando com fogo” (1992), “Língua ao vivo” (1996), “Vinte e um anos na estrada” (2000) e o mais recente “O último CD da Terra” (2016). Este, indicado em três categorias ao Grammy latino 2016.
Veja abaixo os divertidos versos de ‘O que é isso, companheiro?’:
‘Nois dois vivia intocado e clandestino
Nosso destino era fundo de quintar
Desconfiavam que nois era comunista
Ou terrorista, de manchete de jornar
Nois aluguemo casa na periferia
No mesmo dia, se mudemo para lá.
Levando uma big de uma metralhadora
Que a genitora se benzia ao oiá.
Nois pranejemo de primeiro um assarto
Com mãos ao arto, todo mundo pro banheiro
Nois ria de pensar na cara do gerente.
Oiando a gente, conferindo o dinheiro.
Mas o tal banco acabô saindo ileso
E fumo preso, jurando ser inocente.
Nois não sabia que furtar de madrugada.
Era mancada pois não tem expediente.
Depois de um ano apertado numa cela.
O sentinela veio e anunciou:
“O delegado perguntdô se ocês topa
Ir prás Oropa, a troco de um embaixador”.
Na mesma hora arrumemo passaporte
Pois com a sorte não se brinca duas vez.
E os passaporte que demos no aeroporto,
Era de um morto e de um lord finlandês.
E quando veio aquela tar de anistia
Nem mais um dia fiquemo no exterior
E hoje já fazendo parte da história
Vendendo memória, hoje nois é escritor.’