STEFAN SALEJ
Cachorro mordido por cobra tem medo do barbante (dito popular).
Agora, você imagina a nação toda mordida pela greve de caminhoneiros . Está todo mundo com medo do que vai acontecer. E o boato corre solto, cada facção, seja política ou criminosa, tentando tirar ao máximo proveito da desgraça generalizada que caiu sobre todos nós nas últimas semanas. Mas, estamos aqui e nem todos podemos emigrar para os Estados Unidos, onde já há valadarenses demais. E por aqui temos que administrar o medo, o receio, a incerteza eleitoral, a fraqueza do governo e mais todos os ingredientes externos, como as políticas de fortalecimento do dólar e de sanções comerciais que Trump inventa e geram mais incertezas.
Neste momento, quem aceitar que a volatilidade será uma constante e administrar a incerteza será o vencedor na travessia que pode durar além do período eleitoral. Uma constatação que ficou nesta crise é que as forças do tal mercado financeiro especulativo prevalecem sobre as forças produtivas neste país. A política de preços dos combustíveis, que deveria fazer parte da política energética nacional, ficou por conta de um grupo de gestores de uma empresa monopolista que defendia o valor das ações da empresa, de seu lucro e esquecia totalmente que existe um país miserável, sem capacidade de pagar o que eles querem cobrar. Salve o investidor, salve a gerência, salve o mercado e dane-se o povo. Quem sabe os defensores dessas teorias ganham o prêmio Nobel de economia.
Aliás, uma boa coisa neste momento é fechar os ouvidos e olhos aos analistas e economistas, que defendem todos uma economia a favor dos especuladores financeiros. Por incrível que pareça, nem Roberto Campos conhecido na época como Bob Fields por ser favorável aos Estados Unidos, e nem Mario Simonsen, sem falar no Horácio Lafer, eram tão a favor de uma minoria especuladora como os atuais economistas de plantão que estão aí. Nenhuma economia que destrói a capacidade produtiva do país, assim como a de poupança e consumo, e privilegia a especulação do mercado financeiro, gera um país mais justo e equitativo na distribuição de renda e fomento do desenvolvimento.
As certezas que temos são que devemos manter o cliente satisfeito, o funcionário motivado, o caixa independente de bancos e empréstimos, e olhar bem para onde vai a demanda nesta estrada de mudanças tecnológicas rápidas. O resto são fatores que você não determina e não influi como empresário. Esqueça a política, esqueça os economistas e analistas, volte a visitar os clientes e o chão da fábrica. Pegue o leme do seu barco e não deixe que a tempestade domine o seu destino. Muito menos uns usurpadores do bem comum que hoje dominam o país. E tem mais: nem sempre após a tempestade vem a bonança. Pode vir outra tempestade.