O fim do ano é tradicionalmente marcado por celebrações, reencontros e expectativas. Mas, para muitas pessoas, dezembro também traz uma combinação de ansiedade, tristeza e sensação de esgotamento emocional. O fenômeno, conhecido popularmente como “Síndrome do Final do Ano” ou “dezembrite”, acende um alerta importante sobre a saúde mental.
Karina Siqueira, psicóloga da Hapvida, explica que dezembro reúne dois gatilhos emocionais muito fortes, que são as festas de Natal e o encerramento do ciclo anual. “O Natal costuma despertar lembranças, conflitos familiares e, em alguns casos, uma profunda sensação de solidão. Já a virada do ano traz reflexões sobre metas não cumpridas e a percepção do que poderia ter sido diferente”, destaca.
Neste período, de acordo com a psicóloga, muitas pessoas se sentem pressionadas a demonstrar felicidade ou sucesso, especialmente nas redes sociais, onde comparações se tornam inevitáveis. A soma de expectativas externas e internas cria um ambiente emocionalmente desafiador.
“É natural que as pessoas façam um balanço do ano, mas isso pode gerar um sentimento de insuficiência ou incapacidade, principalmente quando as metas não foram atingidas”, afirma Karina. Essa autocrítica intensa, segundo a psicóloga, é um dos principais combustíveis da ansiedade e da tristeza nessa época.
Ansiedade, estresse e depressão
Durante a dezembrite, é comum que sintomas emocionais se confundam. A psicóloga da Hapvida explica que ansiedade, estresse e depressão têm manifestações distintas e reconhecê-las é essencial para buscar ajuda adequada. A ansiedade se manifesta por inquietação, agitação, preocupação excessiva e pensamentos acelerados. Já o estresse é sempre uma reação a um evento concreto e aparece como tensão, cansaço, irritabilidade e dificuldade para dormir.
A depressão, por sua vez, é um quadro clínico marcado por apatia, desmotivação, perda de prazer e alterações no sono e no comportamento. “A depressão é mais profunda e não aparece apenas em dezembro. Mas esse período pode intensificar sintomas em quem já está vulnerável emocionalmente”, explica a especialista.
Sinais de alerta exigem atenção
Mudanças de comportamento são um dos sinais mais importantes para se ficar atento. Irritabilidade, isolamento, queda na energia, crises de choro, insônia e dificuldade de concentração podem indicar que a pessoa precisa de apoio profissional. “Muitas vezes, quem está sofrendo não percebe a própria mudança. Por isso, a rede de apoio é fundamental para identificar sinais de que algo não vai bem”, reforça Karina.
Para quem já enfrenta relações familiares frágeis ou vive situações de rompimentos e perdas, as festas podem intensificar sentimentos de inadequação. A psicóloga orienta buscar acolhimento em redes de apoio afetivo. “Às vezes, a pessoa se sente sozinha, mas existe alguém disposto a ajudar. Só que ela não consegue pedir. Ter uma rede que acolhe, convida e estende a mão pode fazer toda diferença”.
Como proteger a saúde emocional?
Planejar a rotina e inserir pequenas atividades de prazer ajudam a regular o bem-estar durante o período. Assistir a uma série, ouvir música, caminhar, conversar com alguém querido e organizar prioridades são práticas simples que têm impacto real. Karina afirma que o ideal é “reservar um momento de autocuidado todos os dias, mesmo que pequeno. Uma pausa diária já ajuda o cérebro a aliviar tensões acumuladas”.
Além do conforto emocional, a rede de apoio funciona como importante observadora de sinais de adoecimento. A psicóloga reforça que amigos e familiares podem ser decisivos para evitar que a pessoa enfrente o sofrimento sozinha. “A rede de apoio distrai, acolhe e também percebe quando algo mudou. Às vezes, é ela quem evita uma crise mais séria”, afirma.
Karina também reforça que buscar ajuda profissional não deve ser vista como última alternativa ou apenas em caso de agravamento dos sintomas, mas como um ato de cuidado preventivo. Em um período em que emoções ficam à flor da pele, acolher vulnerabilidades e falar sobre sentimentos é fundamental. “Dezembro pode ser leve, mas isso passa por reconhecer limites e respeitar o próprio tempo. Acolher-se é o primeiro passo para atravessar o fim do ano com mais equilíbrio”, finaliza a psicóloga.
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Érica Magalhães
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