Eu lembro da minha mãe todos os dias. Quando vejo crianças brincando no pátio ao redor da casa simples, quando passo por povoados, a cena ao longe me faz viajar para minha infância, quando brincávamos no pátio, eu e minha irmã, montávamos casinha, balcão de atendimento com papéis e carimbos feitos com pedaços de madeira encontrados no chão.

Poucos brinquedos, quase nada de plástico, tudo tínhamos que criar com pedras, latas, pedaços de pau espalhados pelo pátio. Ao ver uma mãe ao longe estendendo roupas no varal, com suas crianças ao redor, eu lembro da minha mãe. Percebo que as crianças estão descalças, de pés sujos, aí eu lembro que minha mãe não nos deixava andar descalças jamais! Menina deve andar sempre de chinelos e, se fôssemos pegas sem calçado, levávamos uma chinelada na bunda. Talvez esse hábito construído ao longo da vida seja responsável pela minha aflição ao tocar os pés na grama ou na terra. Só sinto prazer em andar descalça na areia da praia, na parte fofa ou na areia firme molhada pelas ondas. Gostaria de ter esse prazer ao andar de pés nus em qualquer terreno. Nem dentro de casa eu suporto, nem na casa grande nem na casinha. Preciso tirar mais os calçados, ainda tenho tempo de me acostumar.
Gosto de entrar em igrejas de cidades pequenas. Muitas vezes pernoitamos nos seus pátios. Vejo mães e crianças chegando cedo para a missa do domingo. Esta cena me faz lembrar minha mãe. Eu e minha irmã tínhamos que ir à missa com ela, todo domingo às seis horas da manhã. Íamos a pé, a igreja não era muito longe. Depois de acordar cedo toda a semana para ir ao colégio, eu só queria dormir mais um pouco no domingo. Não era possível, tínhamos que ir à missa. Eu juro que eu ia dormindo, de braço dado com ela, minha cabeça encostada no seu corpo. Ao retornar, era comum eu voltar a dormir um pouco mais. Não lembro de nada da missa, mas lembro da ida caminhando, dormindo, e, de volta, ansiosa para me enfiar nas cobertas de novo. Será que essas crianças que vejo agora estão dormindo também no caminho da missa? Mal sabem elas que vão lembrar disso para sempre. Quando estou cozinhando na minha casinha sobre rodas, onde o espaço é pequeno, fogão de duas bocas, geladeira minúscula, muitos potinhos com sobras, eu lembro da minha mãe. Ela era mestre em reaproveitar pequenas sobras, fazia comidinhas ótimas com pouco recurso, mas imensa criatividade e dedicação. Ao cozinhar uma refeição reaproveitando o que tenho nos meus potinhos, procuro lembrar o que minha mãe inventaria. E lembro! E como lembro da minha mãe! E gosto do que invento, talvez o sabor da comida tenha o afeto dela. Era o seu jeito de demonstrar afeto.
Certa vez, no motorhome ao lado, vi uma filha viajando com sua mãe idosa. A filha trabalhando on line, dando aula de inglês. A mãe fazendo comida, arrumando a casinha, fazendo companhia para a filha. Saíram para a estrada as duas, misturando trabalho e vida em casa. Contemplando essas vizinhas eu lembro da minha mãe, já idosa e demente, não podia ficar sozinha. Muitas vezes não suportava cuidadoras. Por longos períodos a levava para minha casa e tinha que levá-la comigo para o trabalho. Na faculdade, ela se sentava entre os meus alunos, conversava com todos, mesmo não sabendo direito o que estava falando. Eu dando aula, tensa, pois algumas vezes, do nada, ela saía pela porta, eu tinha que achá-la no corredor. Ao ver, no motorhome ao lado, aquela filha deixando o computador para dar uma volta com sua mãe, eu lembro da minha e, ao fechar os olhos, posso senti-la pendurada no meu braço, como eu criança pendurada no seu. Aqui e ali sempre eu a vejo, eu a sinto, eu lembro da minha mãe. Ela viaja comigo, mesmo que estejamos, eu estrada afora e ela em algum lugar do universo…














Vdd, lembranças que ficam eternizadas em nossa mente.
Tbm tenho boas lembranças da minha e tbm da Vó Di
Da sua preocupação em chegar do trabalho em casa ,o trânsito congestionado,e a Sra me ligando.
Almerinda fica mais um pouco com a mãe aí ,espera eu chegar estou trancada no trânsito e nada anda.
E a vó sentada lá na frente comigo,e o Marlon que às vezes ía comigo .
Ela falando no passado e às vezes fazendo chacóta dela mesma.
O Marlon ria e ela tbm.
Hj eu estava lembrando isto.
Até a vez que a Sra foi passar o Reveion no Rio e teve que voltar pq a Josélia não pode vir para ficar com ela,e não tinha vôô de lá para cá e a Sra desesperada,mas a Sra e o seu Gil deram uns pulo e chegaram antes do ano novo para ficar com ela.
Lembranças que não esquecerei…
Muitas lembranças…
Muito bonito amiga. Uma homenagem sincera e com amor. Nós filhos e pais somos eternos. Bjs
Obrigada! Que bom que gostaste! É isso! A conexão da mãe com seus filhos é forte e sublime!
Adorei, Déda! Ricas lembranças! Mães são eternas.
beijão
Que bom que gostaste! Obrigada!
Sempre carregamos quem amamos no nosso coração!
Sempre…
Que lindas lembranças, amiga! Obrigada!
Sinto minha mãe comigo , sinto seu cheiro, um perfume só dela, que exala nos momentos de paz
Tia Adi, que meu coração adotou como tia, querida, mimosa, e forte, costurava muito, cuidou do tio o tempo todo, como uma fortaleza, e se preocupou com o Luciano até o fim, lembro das visitas finais que ela me fez, sempre com a Luiza, muita luz pra este ser, quem sabe um anjo
Que lindo comentário! Obrigada! Continua junto conosco aqui no Exempplar!
Boas lembranças sempre presentes… quando nos damos por conta, tudo aconteceu, mas que bom poder recordar com alegria de quem fez parte de nossas vidas e teve tamanha importância, como a nossa mãe. Deus te abençoe Elida
Amém! Obrigada pelo delicado comentário!
Eu gostava muito de minha tia, sempre sorridente, os pãezinhos caseiro, era uma delícia, boa recordação Elida. Recordar é viver ❤️ bjs
Sim, minha mãe demonstrava afeto com comidinhas sempre gostosas!
Gracias pela história compartilhada. Construir memórias através do brincar, das experiências e experimentações é o que levamos da vida. Você segue intensa em suas vivências. Bora expandir os passos com pés descalços numa grama bem fofa.
Estou fazendo esforço para aprender a andar descalça! Kkkkk
Essa crônica me fez lembrar da minha mãe, cada lembrança trazida eu comparava como era com minha mãe. Um amor que a gente guarda para a vida toda.
Que bom que a crônica te provocou boas lembranças!
Maria Elida! Que lindo seu texto! Cheio de amor e carinho! Emocionante! Uma volta ao tempo passado, com um olhar de gratidão, demonstrando seu lado amoroso por um tempo vivido , que compartilhamos juntas, muitas vezes! Parabéns querida irmã!! Com carinho. Ro
Obrigada Ro! Acho que minhas lembranças são suas também!
Belas lembranças, também me lembro da infância simples e cheia carinho, das comidinhas que só dona Rosina sabia preparar, tempos vc que não voltam mais, mas estarão sempre presente…
Temos memórias muito semelhantes de infância! E fortes mães!
Doces lembranças Elida. Lembranças de Mãe, são as melhores e eternas em nossos corações. A minha também teve Alzheimer e morou comigo, seus últimos 6 anos, era minha filha mais velha. Minha criança grande. Saudades e o amor que fica, nas lembranças que nos faz encher os olhos de lágrimas. A vida é nascer, crescer, viver e partir. Feliz de quem tem e guarda lembranças no coração. Mãe é uma palavra forte e hoje quem é, sabe que não é fácil, ainda mais nos dias de hoje. Mas sempre vamos fazer o melhor por nossos filhos. Eu tive e repassei ao meu. Boa viagem sempre e boas lembranças, para contar.
Obrigada por compartilhar suas lembranças, Ligia!
Querida Maria Élida!
Ao ler a sua crônica me reportei a minha infância lá no norte. Pés descalços no quintal brincando com os meus irmãos e a criançada da vizinhança. Quando chegava a hora de ir para a escola íamos correndo tomar banho, lavar aqueles pés sujos, muito bem lavadinhos.
Lindas lembranças da sua mamãe. Memórias afetivas construídas nos pequenos detalhes da vida cotidiana, mas que ficam gravadas para sempre. Eu entre idas e vindas ver a minha mensalmente lá em Belém do Pará. Quem disse que ela quer sair de lá?!
Que agradáveis reencontros tu deves ter. Lindas lembranças …
Bah Élida tu ti supera!!!
Essas lembranças de tua infância são iguais as minhas me vejo nessa crônica, com algumas diferenças nós na terra dos ventos corríamos de pés descalços pelos banhados, claro que se fizéssemos arte o chinelo e o rebenque (carinhosamente chamado de seja amigo), mesmo que diferente do da tua mãe, cantavam no nosso lombo. Viajar com minha mãe sempre foi o máximo ela colocava a casa, os 5 filhos e as 2 avós na KOMBI a diesel e só parava em um camping que o orçamento permitia ou quando o motor aquecia. Essas lembranças ficam em nossas memórias afetivas e tenho certeza que minha mãe deve estar com a tua aprontando pelo universo já que deram além de pau, uma ótima educação a nós.
Boa viajem e já tô aguardando a próxima crônica.
Obrigada meu amigo! Que bom te ter aqui pertinho!
Que história linda de memórias afetivas
Obrigada querido ❣️
Elida, amiga querida!!! Que lembrancas lindas!!! Tb lembro todo dia da minha mãe, sempre tem alguma coisa ou situação que me faz lembrar dela. É um amor que não acaba nunca. Bjos pra vc e pro Gilberto
Obrigada pelos beijos e pelas tuas lembranças!
Maravilhoso relato! Nossas mães sempre nos deixam ótimas lembranças! Amor incondicional!
Obrigada!
Bahhhh !!!
Parece que vejo minha infância com minha mãe que graças a Deus está com plena saúde com seus 88 anos, eu me criei na campanha e a rotina era bem parecida com a tua. Minha mãe, até hoje faz um banquete com o ” quissorobô” em menos de 30 minutos e uma delícia sem igual…
Lembrança linda que até me emocionei. Obrigado por compartilhar… Bjs no coração minha querida vizinha.
Obrigada querido vizinho! Fico feliz que a crônica tenha te provocado boas lembranças!
Sempre é bom escrever sobre uma boa mãe. São lembranças importantes que devemos registrar antes que nossa memória não mais nos pertença. Tua crônica também me fez lembrar minha mãe; uma pessoa generosa sempre pronta para ajudar a quem necessitasse. A escolha da minha profissão teve muito a ver com ela.
Que bom que gostaste! E sigamos juntos aqui no Exempplar!
Com ela em seu coração, sempre estará em boa companhia e protegida, tia. A vó, seu sorriso inesquecível e seus olhos brilhantes… Magia pura!! ✨
Que bom te ter pertinho aqui no Exempplar! Obrigada pelo comentário.
Adorei conhecer tuas lembranças.
Texto emocionante e cheio de amor!
Obrigada. E siga conosco também aqui no Exempplar!
Que belo texto. Leve e cheio de ternura e saudades da infância.
Obrigada amigo!
Uma das coisas torna os humanos humanos é que quando alguém conta sua história, quem ouve ou lê imediatamente lembra da sua própria, seja boa ou ruim. Emocionante, Elida. Obrigado.
Eu que agradeço seu delicado comentário!
Lindo o texto.
Memórias maravilhosas
Obrigada!
Como é bom ter raízes nessa vida nômade que busca não criar raízes. As raízes da infância, da família, da vida toda até agora são a base de tantos hábitos, mas também compõe novas impressões e afetos. As lembranças de outrora são o gatilho para as novas que virão.
A cada contemplação uma lembrança! E vamojuntooooo…
Minha querida tia. Saudades!
As pessoas queridas permanecem conosco! Para sempre!
Lindas lembranças! Também me fez viajar pelo passado, principalmente, as lembranças das duas, a tua mãe e a minha, tricotando, costurando. Muita conversa e muita risada. Tenho alguns mimos que ela mandava com muito carinho: toalhas de crochê, roupas para meus filhos ( feitos por ela) guardo com muito carinho.
Boas lembranças querida prima! Nossas mães eram muito amigas…