Flávio Roscoe
Quanto mais se aproxima a data das eleições em primeiro turno – 7 de outubro -, toma conta da cena nacional a pergunta para a qual todos buscam resposta: quem é o seu candidato – em quem você vai votar? Com o país mergulhado na mais grave crise econômica/política/ética de sua história, não está fácil responder – e as pesquisas de intenção de voto mostram exatamente isso. A um mês do pleito, os candidatos estão ainda embolados e correm o risco de perder para o contingente dos eleitores que não sabem em quem vão votar ou que anunciam votos em branco e nulos. É a consequência da crescente descrença com a política e da desconfiança em relação aos candidatos.
A FIEMG, no entanto, já se decidiu: os candidatos que apoiamos, ou que poderemos vir a apoiar, não têm nome e nem sobrenome. São aqueles cujas propostas contribuam efetivamente para o desenvolvimento, que tenham consistência suficiente para eliminar os muitos e sufocantes gargalos que hoje impedem o crescimento de Minas Gerais e do Brasil e que, em essência, tenham força para ampliar e consolidar a competitividade da indústria no mercado nacional e nos grandes mercados globais.
De deputado estadual a presidente da República, passando pelas assembleias legislativas, governos estaduais, Câmara dos Deputados e Senado Federal, nosso desejo é o de que sejam eleitos líderes comprometidos com a aprovação das grandes reformas estruturais que são absolutamente necessárias para reduzir o “custo Brasil”, para equilibrar o orçamento público e para gerar recursos para investimentos produtivos. Entre elas destacam-se a reforma da previdência e tributária.
Com base nestes princípios, e para orientar boas escolhas, estamos ouvindo todos os candidatos e vamos intensificar este processo nesta retal final da campanha. O Brasil não suporta mais, por exemplo, um Congresso Nacional que em vez de se unir em favor das reais necessidades do país e da sociedade se divide em uma infindável série de bancadas cuja atuação é caracterizadamente marcada pelo corporativismo, fisiologia e defesa de interesses de grupos. São muitos os exemplos: bancada da bala, bancada da bíblia, bancada dos servidores públicos, entre outras.
Ao ocupar-se com a defesa de interesses corporativos e fisiológicos, quase nunca republicanos, tais bancadas condenam a inaceitável segundo plano os reais interesses do Brasil e dos brasileiros. Os exemplos acontecem a cada instante, como vimos recentemente ocorrer com movimento contra a aprovação da reforma da previdência, visando explicitamente a defesa de privilégios, notadamente no serviço público.
Outro exemplo são os reajustes salariais no serviço público, que não ocorrem no setor privado, criando, no país, cidadãos de primeira e de segunda classe. Vale dizer: cidadãos que se locupletam com privilégios inadmissíveis e cidadãos penalizados por uma injusta política de distribuição de renda. É absurdo!
Neste cenário, precisamos eleger, em outubro, a “Bancada do Brasil”, formada por parlamentares verdadeiramente comprometidos com o país e com a sociedade. Precisamos eleger parlamentares que coloquem na pauta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal temas que são realmente cruciais, como as grandes reformas estruturais – previdência social, tributária e a reforma do Estado.
É preciso, sim, reduzir o tamanho de um Estado que se tornou maior do que a sociedade e que consome, de forma ineficiente, quase a metade de todas as riquezas produzidas pela sociedade brasileira: são 33,7% de carga tributária (impostos), além de recursos da ordem de 6% do PIB utilizados para refinanciar os pagamentos de juros, elevando continuamente a dívida pública que já chega a 77,2% do nosso Produto Interno Bruto. Precisamos eleger deputados estaduais e federais, governadores, senadores e um presidente da República que digam não a este estado de calamidade pública.
Na verdade, as eleições que se aproximam são a oportunidade para que a sociedade brasileira decida o país que quer construir e escolha candidatos capazes de fazê-lo – um país forte em sua economia e justo na distribuição dos frutos do crescimento. Estes serão, também, os candidatos da indústria.
FLÁVIO ROSCOE é presidente do Sistema FIEMG.