Com direção de Rodrigo Robleño, espetáculo ganhou adaptação gravada em Poços de Caldas
Durante os dias 27 de julho a 02 de agosto, o Grupo Rasgacêro se desdobrou durante as gravações do primeiro filme de sua trajetória, que completa duas décadas dedicadas ao experimento e a criação neste no próximo ano. Com a participação de vários membros divididos entre equipe técnica, atores, figurantes, produção e direção, a gravação do premiado espetáculo ‘Um Boi Bem + Brasileiro’ mistura as linguagens de cinema e teatro em cena.
A iniciativa se deu em razão das medidas de distanciamento social, determinadas pelos órgãos de saúde no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Impedido de fazer os shows em circulação por todo estado, o projeto passou por readequação e, além da releitura do espetáculo teatral em formato de um filme, produzirá um conteúdo digital de videoaulas sobre as festas de boi, que serão disponibilizadas em plataformas digitais abertas.
A gravação durou sete dias e teve como locação o Teatro Benigno Gaiga, no Espaço Cultural da Urca em Poços de Caldas, MG. A direção foi feita por Rodrigo Robleño, que também escreveu o espetáculo. Sem abrir mão do colorido, do lúdico e do brincante, o diretor reescreveu as cenas dos personagens. O palco do teatro tornou-se, não só o local das apresentações, como as câmeras se tornaram, então, os espectadores. O desafio, agora, é emocionar quem, de casa, assistirá ao filme.
“Nós fizemos uma adaptação para que a essência do espetáculo seja mantida, ainda que no formato do vídeo, com a mesma riqueza e interatividade das apresentações de rua. É uma experiência diferente, mas que, neste período que estamos vivendo, de pandemia, é também uma forma de não ficarmos distantes. Agora, nosso desafio é emocionar quem estará em casa, nos assistindo, mas é um filme para a família, que valoriza a tradição mineira, vai ficar bonito”, disse Rodrigo Robleño, o ex Cirque du Soleil e diretor do espetáculo.
Para o coordenador, Ricardo Malabi, a chance de fazer um filme é única. “Nós não tínhamos pensado nisso quando projetamos as comemorações dos 20 anos do Rasgacêro, mas tem sido uma experiência maravilhosa, poder reunir os atores, todo elenco, os diretores e uma equipe impecável para a celebração destas duas décadas”, declarou.
Os atores e bailarinos também estão satisfeitos com o processo de adaptação. Para Milton Gabriel Leite, ator, músico e sonoplasta, no papel de dono da fazenda, o AMO, a experiência foi incrível. “Eu fiquei muito feliz por poder gravar e, apesar de diferente, estava com saudade do palco. Embora não tenhamos público aqui, a lente da câmera se torna o olhar do espectador, foi muito bacana fazer o filme. As cenas ficaram de outra forma, mas foi importante vivenciar e experimentar isso também”, destacou.
Já a produtora do projeto Bibi Rodriguez, conta como tem sido desafiador transpor as linguagens. “O espetáculo é feito em teatro de rua e conseguir levar isso para o cinema é algo totalmente novo para todos nós.É um desafio na carreira de todo o grupo. Nunca tínhamos pensado em fazer um filme e agora, cá estamos, sonhando e transformando isso numa realidade palpável”, comentou.
Além deles, também integraram o grupo nesta empreitada Kalleb Fernandes, Ivan Soares, Marcelo Ambrósio e Leo Brasileiro no elenco. Entre os convidados estão Nanda Dearo, Jesica Eberback, Thais Krauss, Ibrian Azy e Jorge Viviani.
Na equipe técnica do filme estão Fabrício Sassioto, Zé Henrique Pareja e Rogério Fonseca no vídeo. Milton Leite na sonoplastia e Toninho Molina na iluminação.
O filme também homenageia Larissa Garcia e Dan Schultz (in memorian). Quem assina a produção são Bibi Rodriguez e Daniela Alvisi. A assessoria de imprensa é de Jéssica Balbino e o marketing digital de Flávio Baldoni. A coordenação geral é de Ricardo Valias, o Malabi.
O projeto foi viabilizado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, com realização por meio do Governo de Minas Gerais. Tem patrocínio do Departamento Municipal de Energia (DME), através da Secretaria Municipal de Cultura de Poços de Caldas. Vale destacar que durante a gravação, todas as medidas de distanciamento e higienização do local e dos membros da equipe foram respeitadas durante os trabalhos.
Sobre o filme
No espetáculo, o personagem Artêro conta, em um auto de boi, a tradicional história de Pai Chico e de sua esposa Catirina que, grávida, deseja comer a língua do Boi Brioso, o animal mais importante da fazenda onde vivem. Elaborado a partir de uma pesquisa dos mais tradicionais festejos de Bois do país, com texto e trilha sonora também assinados por Robleño, o musical se desenrola entre as aventuras e desventuras dos personagens, canções populares e entreatos cômicos com a irreverência característica do Grupo Rasgacêro.
Do rico folclore brasileiro, surgem em cena a namoradeira Maricota e o temido Jaguará, figuras do imaginário popular que convidam o público para brindar a arte regional. Mais que uma homenagem, “Um Boi Bem + Brasileiro” é um convite à celebração das tradições culturais brasileiras.
A montagem segue a mesma linha de produção artística, com ênfase nas manifestações populares da cultura regional, que consagrou o Rasgacêro como um dos mais respeitados representantes das artes integradas de Minas Gerais. Com a proposta desta produção o Grupo venceu por dois anos consecutivos, o Cena Minas, Prêmio Artes Cênicas de Rua – 6ª Edição, em 2014 e também o edital de intercâmbio internacional da Funarte, realizando turnê em Córdoba na Argentina, também em 2014.