Um reencontro gratificante e muito feliz…
Quem viveu em Araxá, nos idos dos anos 60 e 70, deve lembrar-se de um jovem radialista, locutor da Rádio Imbiara, ou de um professor de matemática do Colégio Vasco Santos, e da Escola de Comércio. Pois bem, aquele moço veio a adotar Araxá como sua terra natal, pois viveu aqui os seus tempos de meninice e a maior parte de sua juventude. Após graduar-se Ciências econômicas, radicou-se em Belo Horizonte, onde por 41 anos exerceu suas funções como economista no Departamento de Estradas de Rodagens do Estado de Minas Gerais, vindo a aposentar-se daquela autarquia, no ano de 2015. Após a aposentadoria, veio a realizar o projeto de seus sonhos, tornar-se um escritor. E foi assim, que iniciou-se nas letras, vindo a lume o seu primeiro livro, O Anjo Down, em homenagem ao seu filho portador da trissomia do cromossomo 21. Seguiram-se lhe; Memórias Ao Vento, Causos Que A Vida Conta, Chauffeurs De Araxá – De Volta Ao Passado, Memórias De Um Radialista e O Migrante. Todos os livros editados pelo Clube de Autores, à exceção do último, editado pela Amazon. Estamos falando de Lindberg Garcia, o autor destes livros, parceiro de rádio daqueles tempos e por isso mesmo a certeza de sabermos ser um araxaense de coração, e alma, tendo vindo residir em Araxá, no ano de 1947, onde permaneceu até o ano de 1974. quando veio a radicar-se em Belo Horizonte.
Já naqueles tempos de rádio Lindberg demonstrava uma grande capacidade intelectual e um passo à frente de sua época e uma determinação surpreendente de garra e foco na busca por seus ideais. Fomos reencontrá-lo ( via on line) e para nossa alegria encontramos uma gama de livros editados onde certamente os leitores principalmente araxaenses, encontrarão em muitas das páginas motivos de reflexão, lazer e saudade de tempos idos mas que jamais serão esquecidos. Foi realmente uma alegria imensa esse reencontro com Lindberg Garcia e tenho certeza de que esta entrevista será muito gratificante para os nossos leitores. Domingos Antunes Guimarães.
Domingos – Lindberg, fale um pouco do seu relacionamento com os livros.
Lindberg – Sempre fui muito ligado às letras. Desde os primeiros anos de escola, tinha um gosto especial para leitura, creio ter puxado ao meu pai, João Garcia, um leitor voraz. Papai tinha uma pequena biblioteca, que passei a ler os muitos livros que ele dispunha. Imagina você, que já no 3º ano primário, daquela época, no Grupo Escolar Delfim Moreira, quase recebi um castigo por ter retirado um livro que foi considerado impróprio para a minha idade. Esse fato narro em um de meus livros, “Memórias ao Vento”. Naquela época, já havia lido dos livros de meu pai, A Ilíada, de Homero, Ulisses de James Joice, série de livros de Monteiro Lobato, os de Machado de Assis e tantos outros que fizeram a diversão daquele menino nos anos 50. Creio que essa proximidade com os grandes autores que deram um bom empurrão rumo às letras.
Domingos – Como você descobriu esse pendor para escrever livros?
Lindberg – Minha vida profissional, sempre foi ligada à comunicação. Desde o tempo da Rádio Imbiara, onde passei por diversas experiências, que relato em meu livro, “Memórias De Um Radialista”, me iniciaram como um comunicador. A seguir, também me beneficiaram as exigências didáticas quando professor de matemática, em que também a comunicação com os alunos, é primordial para o bom entendimento da matéria. Como economista, no DER-MG, tinha a responsabilidade pareceres e relatórios sobre os mais variados assuntos. Também era designado para participar de debates sobre a temática do transporte público de passageiros, junto a outros órgão públicos e na Assembleia Legislativa, que me exigiam comunicação em público, e vários debates do qual participei. Creio que isso me ajudou sobremaneira a desenvolver minha comunicação de um modo geral. Daí para os livros, foi um pulo.
Domingos – Como foi que surgiu a sua inspiração para escrever seus livros?
Lindberg – Como disse a você, tive uma vida profissional muito ligada à comunicação, e senti uma vontade irresistível de passar para o papel minhas experiências de vida, minhas emoções e recordações, desde os tempos de criança, até os dias atuais. Na apresentação livro “Memórias Ao Vento”, eu narro esse verdadeiro “parto” do nascimento de um livro, os medos, os receios, as dúvidas, do autor em transmitir suas emoções para o futuro leitor. Por isso, cada livro é como um filho que é amado desde a sua concepção, e que acompanhamos com amor e desvelo toda a sua gestação. Escrever é viver realidades passadas, trazê-las para o presente, é alcançar a luz dos sonhos, é sentir-se realizado pela concepção do filho que nasce.
Domingos – Fale um pouco de seus livros.
Lindberg – Bem, meu primeiro livro, foi uma homenagem prestada ao meu filho caçula, portador da trissomia do cromossomo 21, a síndrome de Down. Narro as experiências da família em receber um ser especial, especial em tudo, um Anjo que nos foi presenteado pelo Criador. Daí o título do livro “O Anjo Down”. Não há seres mais angelicais, mais sinceros e mais puros que os Downs. As pessoas que tenham a oportunidade de conviver com eles, poderão comprovar o que digo. Em seguida, escrevi “Memórias Ao Vento”, um livro quase que biográfico, em que se inicia com a descoberta do mundo pelas lembranças de um menino nos seus três anos e pouco de idade, e segue pelas trilhas da vida até os dias atuais. Depois vieram “Causos Que A vida Conta”, e “Chauffeurs de Araxá – De Volta Ao Passado” em que selecionei fatos de vida, de personagens reais, quase que em sua totalidade acontecidos em Araxá. Narro dramas do cotidiano, alguns pungentes, outros risíveis e cômicos, que têm Araxá como palco dos acontecimentos descritos nos livros. Alguns desses casos, repito, verídicos, até parecem saídos de algum anedotário, ou de história de pescador. Escrevi também, “Memórias De Um Radialista”, em que faço uma homenagem a um ilustre araxaense, Geraldo Porfírio Botelho, proprietário da Rádio Imbiara de Araxá e que estendo minhas homenagens aos colegas da família Imbiara. Foram fatos, alguns vividos por mim, outros que me foram narrados pelos meus colegas radialistas de época em que eu ainda não militava na emissora. Todos esses livros mencionados, foram escritos com base em fatos, exceção ao livro “O Migrante”, que trata-se de um romance, em que utilizo a realidade histórica e ficção. Trata-se da saga de um casal de sergipanos, fugidos das agruras da seca nordestina, que vieram aportar na beira do Rio Grande, no município de Conquista, no Triângulo Mineiro. Chamavam a atenção pelo porte físico diferenciado do nordestino. Que terrível segredo guardavam aquele casal de migrantes? Seriam apenas migrantes, ou teriam outro motivo para fugirem da sua terra Natal? O romance descreve com realismo, a peste, a fome e a morte provocada pela seca nos sertões do nordeste, em contraste com a opulência da agricultura nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Curiosidades e costumes dos brasileiros, desfilam pelas páginas do livro, levando o leitor a uma viagem inesquecível por esse imenso Brasil.
Domingos – Quando nos falamos pela última vez, você me disse de um livro, “Crônicas Espíritas”. O que o levou a escrever um livro sobre esse tema?
Lindberg – Bem, venho de uma família espírita. Quando eu fui para Belo Horizonte, passei a frequentar o Centro Oriente, do Grupo Scheila, e daí, como nada existe por acaso, acabei por me tornar expositor da Doutrina Espírita, em vários dos Centros Espírita de Belo Horizonte e Região Metropolitana. Também realizei palestras em cidade do interior do estado, e aqui mesmo em Araxá, as fiz no Centro Espírita Francisco Caixeta, no Centro Luz da Ceara e no Centro Estudantes do Evangelho, no Bairro São Geraldo. Como expositor da Doutrina Espírita, realizei mais de mil palestras, inclusive 925 delas catalogadas no referido livro. Também tenho participado, como colaborador, do jornal A Folha Espírita Francisco Caixeta, de Araxá, que publicou vários de meus estudos. Assim, tive a inspiração de escrever um livro em que apresento, em forma de crônicas, estudos pertinentes aos problemas do ser, do destino e da dor, sob o enfoque da doutrina Espírita. Crônicas Espíritas, é um livro dirigido à espíritas e não espíritas, pois procura mostrar o drama existencial do ser encarnado em nosso planeta Terra. É um livro que leva a meditar sobre a realidade da vida do Espírito, desta e da outra após o túmulo.
Domingos – Que mais gostaria de falar, como você disse, sobre esses seus “filhos”, os livros aqui mencionados.
Lindberg – Gostaria primeiro de agradecer a você e ao jornal EXEMPPLAR, por esta oportunidade de dar a conhecer os livros de minha autoria e de mostrar as suas respectivas capas, que foram elaboradas por um artista plástico, Fernando Pereira, premiado em várias exposições. Os livros mencionados estão em catálogo no Clube de Autores, e para adquiri-los via e-mail, basta acessar o site clubedeautores.com.br, escrever no campo autor Lindberg Garcia e fazer a escolha dos livros que desejar, exceto “O Migrante”, que está editado pela Amazon.
Domingos – Fique à vontade, pois o interesse de nosso jornal, EXEMPPLAR, é divulgar a cultura dos filhos de Araxá, como você que, adotou de coração e alma esta cidade onde “o sol nasce primeiro e se põe por último”, que o bom filho que à casa torna e seus livros sejam bem-vindos à nossa acolhedora cidade.
Fui convidado para ilustrar a capa do livro “O Anjo Down” e assim, conheci o Lindberg. Convidado para fazer as capas dos livros seguintes, acabei por completar uma parceria que deu liga, pois o Lindberg me deu total liberdade para executar suas capas, a partir de sinopses bem claras. Me sinto honrado por ter sido escolhido para tais trabalhos e desejo toda saúde e sucesso ao escritor. Fernando Pereira