Stefan Salej
Há alguns anos, em uma palestra na Escola Técnica de Formação Gerencial – ETFG – do Sebrae Minas, a uma pergunta sobre quantos alunos estiveram em Miami e quantos no Piauí, ou no Ceará, ou no Tocantins, Miami lamentavelmente ganhou disparado. O fato é que nossa futura elite empresarial, não só no Sebrae, mas também em outras instituições, dá mais atenção ao chamado mercado global, do que ao mercado local ou mercado regional. Isso não vale só para os estudantes, seja de que área de estudo for, mas também para os empresários já estabelecidos. As entidades empresarias oferecem mais oportunidades para viajar para exterior, em especial participar de feiras, do que promovem mercados regionais e nacional.
A empresa estrangeira que vem para o Brasil, com exceções nas áreas tipicamente de produtos cujo mercado é exterior, como mineração, vem investir porque este país tem um mercado de 210 milhões de pessoas, que ainda tem um potencial muito grande de desenvolver. Não há fronteiras, apesar das enormes dificuldades logísticas, nesse mercado. Uma das razões de o empresário não enxergar esse potencial é o preconceito regional. Os mineiros acham que os paulistas são arrogantes e complicados. Que os nordestinos, bem você sabe os nordestinos são nordestinos. Começando pelos baianos que são baianos. E assim por diante, ficam cheios de opiniões ao invés de estudarem melhor os mercados e se dedicarem a um projeto a longo prazo de conquista.
Aliás, as coisas são mais fáceis se olharmos que um mercado como o de Minas Gerais, é, do ponto de vista mercadológico, um mercado bem interessante. Mas, se olharmos de perto, descobrimos que o empresário de Montes Claros, a não ser que se instalou com polpudos incentivos, não vende nem em Brasília e muito menos em Juiz de Fora. O mesmo vale para os empresários de todas as regiões mineiras que, fechados nos seus mercados locais, choram as mágoas, mas não se levantam para ir vender no imenso e dinâmico mercado brasileiro. Sem falar em Mercosul, Argentina, Paraguai e Uruguai.
A solução está na mudança de paradigma das entidades empresariais, que devem promover mais mercados regionais e o nacional, mas sem perder de vista o mercado global. Promover a indústria de Minas e seus produtos e serviços no país inteiro deveria ser a resposta à crise. E aí, o uso de modernos instrumentos de analítica e big data devem fazer parte desse esforço.
Com certeza isso pode melhorar em muito o faturamento da indústria mineira.
STEFAN SALEJ, consultor empresarial, foi presidente do Sistema Fiemg e Sebrae MG.
A SOLUÇÃO ESTÁ NA MUDANÇA DE PARADIGMA DAS ENTIDADES EMPRESARIAIS