Olavo Machado Junior
Competitividade e confiança andam sempre juntas. A cadeia produtiva da indústria da carne e derivados em Minas Gerais conhece muito bem essa caminhada. Ao longo de décadas, o setor, um dos mais tradicionais do estado, construiu a sua reputação com uma busca constante por inovação e desenvolvimento de tecnologia, de forma a entregar aos consumidores produtos de reconhecida qualidade nos quatro cantos do mundo.
Resultado de um trabalho profissional e sério, sempre pautado pelo respeito ao meio ambiente e às regras sanitárias elaboradas com base em padrões internacionais, a nossa reputação não pode ser destruída pela inconsequência e desinformação. Essa é a grande ameaça trazida pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, deflagrada na última semana e que causou impactos negativos sobre toda a cadeia produtiva do setor. Nenhuma indústria mineira está envolvida, mas consideramos importante registrar o nosso alerta: é preciso ter cuidado para evitar danos às empresas que atuam nessa cadeia produtiva, colocando em risco o emprego de centenas de milhares de trabalhadores.
Não pregamos a impunidade – quem errou deve pagar pelo que fez. A indústria de carne e derivados em Minas Gerais defende inspeções sanitárias rigorosas e investigações necessárias para punir desvios. Não interessa a empresas sérias, que são a maioria esmagadora, que pessoas corruptas façam parte de seus quadros. Também não interessa à cadeia produtiva que irregularidades ameacem a reputação do setor. A integridade nos negócios e o respeito às normas é parte fundamental da concorrência ética e transparente.
Neste momento, precisamos preservar empresas que pautam sua atuação pela construção de um ambiente corporativo íntegro. É preciso evitar o sensacionalismo e a espetacularização de organismos fiscalizadores e policiais que geralmente se deixam levar por informações duvidosas e, muitas vezes, inverídicas. Desses agentes, exige-se responsabilidade e compromisso com empreendedores e trabalhadores honestos que, em seu cotidiano, contribuem para o desenvolvimento econômico e social do país. Reconhecemos e aplaudimos o trabalho realizado pela Política Federal, mas não podemos concordar que, tendo sido detectado um problema que pode afetar a saúde da população, a solução seja postergada para viabilizar uma operação maior, como foi o caso. Constatado o erro, que ele seja imediatamente corrigido, cumprindo-se a lei e evitando o seu prolongamento.
Não por acaso, a indústria mineira recebeu, na última terça-feira (21), a visita do Ministro da Transparência, Torquato Jardim, na sede da FIEMG, em Belo Horizonte. O encontro com o empresariado do estado, para apresentar o Programa Pró-Ética, mostra o comprometimento com a integridade dos negócios em Minas Gerais. Somos todos parceiros na construção de um novo Brasil – um País que possa superar a crise econômica, política e ética, combatendo práticas ilegais e habilitando-se para competir globalmente.
A cadeia produtiva de carne e derivados em Minas Gerais está incluída de forma ativa nesse processo. Unidos, o Sistema FIEMG e os sindicatos que representam as empresas do setor (Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Carnes e Derivados e do Frio no Estado de Minas Gerais, Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados de Uberlândia e Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado de Minas Gerais), bem como os demais sindicatos do setor alimentício e todos os sindicatos filiados ao Sistema FIEMG, reafirmam o compromisso com o mais absoluto respeito e reconhecimento às ações destinadas a identificar e punir irregularidades.
Entendemos que, administradas com responsabilidade e bom senso, ao lado de proteger o consumidor, tais ações cumprem a importante missão de resguardar a maioria esmagadora das empresas que operam no setor e que trabalham com o mais absoluto respeito à população, operando processos produtivos reconhecidos e aprovados em todo o país e nos grandes mercados internacionais.
Foi por esse trabalho sério que a cadeia produtiva de carne e derivados em Minas Gerais conquistou espaço em outros estados e nos grandes mercados mundiais. Os números são expressivos: a cadeia produtiva da indústria da carne mineira emprega mais de 155 mil trabalhadores, e o valor bruto da produção mineira de carnes representa 8,5% do total brasileiro. Com mão de obra qualificada, conseguimos aumentar o nosso volume de exportação em 24% nos últimos dez anos. Entregamos nossas carnes em destinos variados, como Hong Kong, China, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Holanda, Rússia, Irã, Chile e Israel. Em 2016, o valor comercializado com outros países somou US$ 831,8 milhões.
A conquista de mercados tão diversos só foi possível em razão da credibilidade construída ao longo das últimas décadas e deve-se, com certeza, à seriedade, ao empenho e à determinação dos empresários do setor, bem como à parceria com os órgãos oficiais de representação internacional. Com esses compromissos, seguiremos firmes para conquistar novos mercados. Não nos afastaremos do inarredável comprometimento com a sociedade mineira e com o completo cumprimento de todos os parâmetros legais estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária e pelo Serviço de Inspeção Federal. Este é o nosso rumo.
OLAVO MACHADO JUNIOR é presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais