João Batista de Freitas

Confesso que não sei tocar violão! Desde a minha adolescência venho tentando, mas nunca consegui aprender de uma forma profissional a tocar violão ou qualquer outro instrumento musical. Tomei até algumas aulas de piano, tentei contrabaixo e bateria – e nada! Simplesmente não tenho vocação para a música. Mas confesso que ainda arranho meu violão, mas não tenho ritmo nem conhecimento suficientes para gostar do que toco.

Mesmo assim, hoje me vi dedilhando – ou tentando dedilhar – a maravilhosa música Penas do Tiê. Antes de deixar aqui estes lindos versos, gostaria de comentar a curiosa história desta canção. A música foi gravada por Fagner no LP Manera Fru Fru, Manera, de 1973, que alegou, quando do lançamento do disco, que era uma adaptação sua do folclore, de uma canção recolhida do domínio público. Mas 26 anos depois sofreu um processo do filho do compositor Hekel Tavares (1886-1969), que alegava que a música era de seu pai e Nair Mesquita, editada em 1928 e dedicada à cantora lírica Gabriella Lage.

Fagner acabou sendo condenado em 2006 por não ter citado a autoria da música. Ainda no mesmo disco, Fagner sofreu outro processo pelos versos da música Canteiros, retirados de um poema de Cecília Meireles.

Hoje, a música é corretamente grafada como de autoria de Hekel Tavares e Nair Mesquita, com apenas algumas palavras diferentes da gravação original. Abaixo as duas versões de Hekel e de Fagner. O importante é que é uma verdadeira declaração de amor à mulher amada:

Você

Vocês já ouviram lá no mato as cantoradas

da passarada quando vem o amanhecer

e já sentiram das planícies orvalhadas

o cheiro doce da frutinha muçambê

Já experimentaram gabiroba bem madura

já viram o céu quando o sol vai se esconder

e já ouviram o canto triste da araponga

anunciando que na terra vai chover

Pois meu amor tem um pouquinho disso tudo

e tem na boca a cor das penas do tiê

Quando ele canta os passarinhos ficam mudos

sabe quem é o meu amor, ele é você

Penas do Tiê

Vocês já viram lá na mata a cantoria

da passarada quando vai anoitecer

e já ouviram o canto triste da arapongaa

nunciando que na terra vai chover

já experimentaram guabiroba bem madura

já viram as tardes quando vai anoitecere

já sentiram das planicies orvalhadas

o cheiro doce das frutinhas muçambê

pois meu amor tem um pouquinho disso tudo

que tem na boca a cor das penas do tié

quando ele canta os passarinhos ficam mudos

sabe quem é o meu amor ele é você