Por que não falar sobre outros tipos de acolhimento? Acordei de madrugada pensando nos meus sonhos e como às vezes a vida, as pessoas ao redor, as propostas sedutoras nos envolvem e nos tiram do nosso rumo. Muito comum e frequente. Entramos na estrada do outro, nos apaixonamos pelo caminho do outro e deixamos o nosso para trás, sem nossas pegadas. Pode até ser triste.
Acredito que cada um de nós recebeu lá em cima, na nuvenzinha, antes de encarnar, uma tarefa maior ou menor, isso não importa. Cada um com seu para-casa a ser feito e entregue durante nossa existência e com prazo final no dia da nossa partida. Digo tarefa maior ou menor no número de pessoas afetadas pela nossa passagem aqui, pois tem gente que vem ser presidente, médico, grande empresário impactando a vida de milhares de pessoas, outros, vêm construir um lar e ser bom pai, ser justo e bom em um contexto pequeno e restrito. Todas essas tarefas são gigantes para quem é o protagonista. Cada um com seus compromissos e “a cada um conforme suas obras”.
Sou espírita e essa história de encarnar, ter várias existências, para mim sempre foi inquestionável. Brinco sobre a nuvenzinha, é porque eu vejo a situação dessa maneira, nós sentados, planejando nossa vida terrena e analisando nossos compromissos. Mas, esse pensamento é meu e respeito todos os outros.
Voltando para os sonhos, um dia fui ao Sul do Brasil e visitei uma fábrica de chocolates dentro de um parque de dinossauros. O sonhador daquele projeto foi um casal que queria não somente fabricar chocolates, mas também criar um parque temático para entreter adultos e crianças. O que quero ressaltar é que cada um tem seu sonho. Eu não iria pensar nisso, apesar de amar chocolate e dinossauros. Entendeu?
O meu sonho é aliviar o sofrimento humano através de “ferramentas físicas” (massagem, fisioterapia), mas também através do conhecimento aplicado, de bom humor, risadas bem dadas, leveza e amor. Esse sonho pode e deve contagiar pessoas ao meu redor e pode até virar um sonho paralelo de alguém, mas, ele precisa da minha assinatura. Eu preciso deixar minhas pegadas no caminho.
Quero levar alívio de sofrimento a pacientes e familiares que estão passando por um adoecimento grave, quero treinar voluntários para fazerem o mesmo, quero melhorar a funcionalidade de pessoas idosas ou enfermas para que eles vivam o mais intensamente seus dias, curtindo sua família, assinando seus sonhos, quero propagar a filosofia dos cuidados paliativos aos quatro cantos, quero mitigar a dor das perdas, transformando desafios em oportunidades. Isso tudo é meu sonho profissional. Outro dia conto sobre outros sonhos.
Enquanto escrevo estou acolhendo os meus sonhos, quando acordo de manhã e saio para trabalhar também, quando atendo meus pacientes, quando desenvolvo um projeto. Então, convido você a acolher os seus. Se ainda não sabe direitinho quais são, pode ir na cauda do cometa de algum sonhador do bem, mas lembre-se de olhar pra dentro e procurá-lo. Tem algum projeto aí dentro, esperando sua assinatura, seu brilho, sua presença, sua atitude! Mãos à obra!!! Sempre com amor!!!
Tanya Mader
Fisioterapeuta, massoterapeuta, palestrante, escritora, paliativista, mãe, filha, irmã, namorada, amiga, voluntária.
Entusiasta da vida, ama movimento e escrita. Busca qualidade de vida e alívio de sofrimento.
Ama dançar, cantar, abraçar, ler, ouvir música, curtir a natureza e sorrir. Está aqui para servir e ser feliz!
Como desenha bem, com suas palavras, os pensamentos e anseios e sonhos que talvez nem tenham tomado forma ou voz dentro de nós, mas iluminam o nosso caminho!!
Tanya, a cada artigo um alento neste mundo tão distante da nossa essência de humanidade. Gratidão
Parabéns pela coluna. Suas palavras são um bálsamo para os nossos olhos e coração.