Ando pensando muito nas borboletas. Meus pensamentos voam sem asas até elas e fico imaginando todo o seu colorido, sua vibração, seu esplêndido voo. Por onde andam? Tenho visto muito poucas sobrevoando a minha janela, o meu olhar, os meus jardins. Queria poder sentir a sua leveza, sua delicadeza em pleno voo diário, colorido, desafiador.
Gosto de observá-las em grupo, solitárias ou em duplas realizando um balé aéreo de encantar os olhos e fazer minha alma parecer bailar em pleno corpo. São como notas musicais que se espalham pelo ar, voam sem direção, e, no entanto, são harmônicas, dão sentido à paisagem, preenchem de cores a vida. Somente de perto consigo observá-las com grande admiração, pois aquelas criaturas singelas, pequenas, frágeis me dão um sentido profundo da imensidão. Distantes, são apenas pontos coloridos; de perto, formam um colorido de mil pontos, em mil cores.
Admiro as borboletas. Elas, além de gostarem de flores, parecem flores alçando voo, pétalas de rosas flanando no ar. A flor e as borboletas são belezas que se completam e se contemplam. Ao se aproximar de uma flor, a borboleta parece se curvar diante de tanta beleza perfumada, aveludada, afável. Por sua vez, a flor deve se sentir honrada diante daquelas cores vivas, esplendorosas se aproximando suavemente, gentil, para lhe roubar um beijo. Num encontro inevitável, são belezas distintas que me colorem a alma e preenchem o meu coração de alegria.
Ao pensar nas borboletas, cheguei a imaginar que elas e as flores são uma coisa só, apenas em dois momentos diferentes: um jardim nada mais é do que um cemitério de borboletas. Depois de mortas, elas viram flores, ressuscitando suas asas em forma de pétalas e fixando sua alma aventureira em um lugar, onde irão passar sua nova vida junto a tantas outras borboletas-flores. O perfume que exalam pelo ar é a saudade de asas batendo, em pleno voo, deixando um rastro de liberdade no ar.
Ao imaginar as borboletas, não consigo imaginá-las longe das flores. Quem sabe, as flores, ao morrerem, não se tornam, elas, em borboletas! Um jardim nada mais é do que um berçário de borboletas, flores-borboletas. Suas pétalas se transformam em asas e, ao caírem na terra, lançam novos voos e vão em busca de alturas ousadas, libertadoras, desprendidas. Afinal, a vida é um mistério que tem asas ou raízes?
Quando uma borboleta se aproxima de uma flor, o diálogo deve ser apaixonante, pois falam de belezas distintas. Essenciais. Naturais. Contemplativas. Transfiguradas. Fruto de uma liberdade profunda, para aquela que voa em pleno céu, e de uma aceitação inspiradora, para aquela que fixou o coração na terra.
Antonio Trotta – Jornalista, escritor e poeta














Bom dia Poeta
Sou suspeita em falar das borboletas…
Admiro sua desenvoltura, habilidade no ir e vir… admiro o que elas representam…sua liberdade.
Saber pousar com leveza em casa pétala ou folha…sem a preocupação de estar sendo observada.
São multicoloridas… trazendo a vibração da dança no bater de suas asas. E quando uma pousa suavemente em minhas mãos, tenho a certeza que nada é definitivo… observo com admiração e respeito …
Gratidão pelo belíssimo texto…com leveza nas palavras… escrever sobre borboletas é falar através da Alma
Grato. Sim, as borboletas são seres leves e livres. Falar delas realmente preenche a alma e a sensação é de voar.
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Nesta segunda “segunda feira” da primavera
Com a luz do dia a adentrar a sala pela janela “janela”
E ver na tela surgirem borboletas em forma de letras
A dançarem entre linhas e parágrafos,;
A formar frases poéticas
Não é para todos, só para os leitores deste Jornal.
Parabens vate da Mantiqueira!
Sim. Primavera abrindo alas para as borboletas e as flores. Uma festa colorida entrando pelas janelas. A vida é bela.
Obrigada, Antonio Trotta, por esse texto lindo, leve, livre…
Grato. Voa e voa nas ideias e a olhos nus tantas fantasias coloridas e com asas… “leve, livre”
Que venham as lindas borboletas
Que venham! Viva a amizade e a paz.
Sim. Que venham e voem sobre nós. Bailem ao nosso redor e possem em nossos corações.
Sim , por onde sondam as borboletas …. Ou será que somos nós, que não mais estamos por onde elas andam ….,
Boa pergunta. Por onde voam? Tem aquelas que voam no estômago das emoções. E aquelas enfrente aos olhos, por onde andam?
Borboletas poesia da natureza!
Parabéns Trotta,lindo texto.
Grato. Verdade, borboletas são poesias voando sobre nós.