Poema
31 de outubro…
Respeitando todas as opiniões,
E democraticamente expondo a minha
Trago esse pequeno poema,
Talvez um lamento,
Quiçá ladainha…
Por essa tal americanização
Fatos importantes são esquecidos
E acreditem, não é tão lembrado
O dia do POETA ter nascido…
“Eles” fazem travessuras
Em busca de gostosuras
Nós, literatura
Para perpetuar nossa cultura…
“Eles” vendem medos
E alguns obscuros segredos
Nós, já logo cedo
Encantos em nossos enredos…
“Eles”,
Se não atendidos,
Querem assustar
Nós,
Mesmos impedidos
Continuamos a encantar…
“Eles” se vestem de monstros
Prometem magias
Nós
Nos despimos de versos
Entregamos poesias
“Eles” assustam
Nós amamos
“Eles” bruxam
Nós Drummondiamos…
Ton Araxá, Carteiro e Poeta.

Crônica
A GOURMETIZAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA…
Venho já a algum tempo, me incomodando com o rumo que a linguagem portuguesa, especificamente nosso oficial, o português, tem tomado.
Um excesso gigantesco de importação no modo de escrever e falar que tem realmente me deixado preocupado. Palavras americanizadas, ou estrangeirismos, seriam termos da língua inglesa incorporados ao português.
Numa tentativa de adaptação, como shampoo para xampu, acredito ser até algo interessante, usando o nosso idioma para se aproximar da pronuncia da palavra escolhida e o entendimento fica aceitável, até sonoramente.
Mas vejo uma ‘’estadunização forçada’’ acontecendo, na escrita, na fala e no uso desenfreado desse pseudo artifício.
Porém, de uns tempos pra cá, isso tem sim, na minha visão, claro, saído do controle. E muito!
A enxurrada de palavras importadas, sem passarem na alfândega, para se ter a certeza de sua licitude é algo preocupante.
E muitas vezes isso afasta a gente do propósito dito.
Só para citar alguns exemplos do meu pensamento, relato experiências próprias, portanto, com o meu aval.
Sinto-me constrangido de ir a um happy hour, em vez de um encontro no finzinho da tarde e início da noite, com a possibilidade de ser ou não realmente feliz como já intima o convite,
Não fico à vontade em um coffee break, frente a um cafezinho durante o dia de trabalho ou mesmo aquele na casa de minha mãe, sempre acompanhado de um quitute e uma boa prosa,
O spoiler, não me conquista com a mesma confiança de uma fofoca sem querer do final da história, a meeting não me coloca numa reunião, o delivery de hot dog, me causa estranheza no paladar do meu cachorro quente, o show, parafraseando Suassuna, não tem a grandeza de um espetáculo,
E por aí vai…
A ‘’gourmetização da língua portuguesa’’, outra cria intencional deste escritor, agora importada do francês, para vocês refletirem que a coisa anda desenfreada, também acontece ás avessas.
‘’ Gourmetização’’ é a transformação de alimentos e produtos, que antes eram simples e populares, em versões mais elaboradas e sofisticadas, com a promessa de alta qualidade e sabor diferenciado. Isso geralmente resulta em um aumento significativo no preço final do produto.
Portanto, se agrega valores com esse artificio.
No caso da linguagem, ocorre, com certeza o contrário. Há um empobrecimento do alimento e do produto.
Deixamos de valorizar o nosso jeito de falar e escrever, inclusive com a magia dos sotaques de um país continental, que traz nas pronuncias um ‘’chiado carioca’’, um ‘’erre arrastado’’ do interior paulista, ‘’ uma melosidade sonora’’ cantada do gaúcho, ‘’a pressa cordelista’’ do nordestino…
Enfim, estamos perdendo essa coisa boa de se ouvir, que nos dá a sensação gostosa de sermos de um mesmo lugar, que são muitos!
Poeticamente então, a perda é irreparável.
Uma parada para uma xícara de café,
Pode me levar a uma dose exagerada de fé,
Um abraço quentinho no chalé,
Um aprendizado farmacêutico de um pajé,
A uma fumaça de sonhos saídos de uma chaminé,
Até a uma tristeza que me deixe chué…
E um coffee break?
Não vou nem ariscar…
Mas para não perder a alcunha de poeta,
Um coffee break me remete a um fake… se é que estão me entendendo.
Não quero mudar o mundo. Não é essa a pretensão.
Não sou contra a globalização, também não é este o intuito.
E peço perdão se passo essa impressão.
Talvez a crônica em questão
Seja só um desabafo,
Talvez uma defesa,
Talvez até um pouquinho de descaso…
Acho que é loucura de um poeta
Que ama tanto sua língua
E vê nas outras,
Um sentindo meio raso.
Ton Araxá, carteiro e poeta.














O poema me surpreende pela comparação de dois muitos e circunstâncias. Prefiro a poesia ao susto, os poemas aos mistérios e dilemas. Casa cultura tem a sua arte. Gosto de voar em pensamentos e criar todos os mundos das letras.
A crônica, realmente, mostra as culturas ae infiltrando em outras culturas. Resta saber se o nosso belo português tem o mesmo espaço em terras estrangeiras.
Parabéns pela explanação.