Sem muito roteiro, sem muito planejamento, sem muita intenção, chegamos a uma tal cidadezinha do interior desse Brasil imenso de meu Deus. Cidade histórica, a mais antiga do estado, patrimônio cultural, arquitetura colonial ricamente preservada, da época do ciclo do ouro no Brasil. Hoje tem cerca de 10 mil habitantes, mas só de escravizados trabalhando na mineração já teve mais de 40 mil! Muita gente retirando e transportando nosso ouro para Portugal. Parece um cartão postal, casarios restaurados, bancos rústicos na calçada onde senhoras conversam à tardinha. A gente passa, cumprimenta e pergunta se pode estacionar. É isso mesmo. Em frente às casas há lugar cativo para os carros nas calçadas, já que naquela arquitetura histórica, não há garagens.

Aprendemos essa regra local na primeira vez que estacionamos no meio fio e fomos gentilmente convidados a nos retirar pois aquele era o local do carro do seu fulano, era óbvio, pois estávamos em frente à sua casa. Escolhemos um trecho de calçada sem proprietário, localizado em frente a um terreno baldio que estava à venda. Eis que ao nosso lado, encontramos uma joia. Vizinhamos com uma linda joalheria artesanal e descobrimos que havia vários estabelecimentos desse tipo naquela pequena cidade, onde o trabalho com ouro é tradicional. Tradição do ouro. A ourivesaria vizinha funcionava em uma casa restaurada do período imperial. Na primeira vez que exploramos a vizinhança, fomos recebidos pela sua proprietária, uma mulher preta, linda, com um cabelo tão volumoso e brilhante quanto seu sorriso largo! De primeira, nos mostrou tudo, as instalações e o funcionamento do local. Na joalheria, o público pode acessar o ateliê e acompanhar a produção das peças. Uma mais linda que a outra. Os profissionais responsáveis pelo trabalho não são os ourives mais velhos comuns em registros antigos; naquele dia, dois jovens, um homem e uma mulher, de, no máximo, vinte e poucos anos, trabalhavam modelando fios de ouro, numa bancada, conforme projetos elaborados pela proprietária, a preta bonita. Ela também, como muitos naquela cidade, aprendeu o ofício com os artesãos mais velhos. O trabalho com ouro parece ser uma tradição familiar na cidade. As peças são lindas, delicadas, de design exclusivo, criações de nossa querida vizinha, que virou amiga da vida viajante. Nos dias que se seguiram conversamos, rimos, vizinhamos, utilizamos a energia elétrica da joalheria, já que naquele lugar o calor é escaldante, com pouca sombra no centro da pequena cidade. Nossa anfitriã contou sobre sua trajetória, da infância pobre, criada por uma irmã mais velha, até conseguir com muito esforço cursar graduação em design, o que a possibilitou chegar a ser dona dessa linda joalheria. No meio da história tem um grande amor, claro, sempre tem. Um mineiro que comercializava ouro que a estimulou a chegar aonde chegou, linda, usando sapatos e ternos de grife. Aliás, calça os sapatos de salto, rapidamente, quando algum cliente entra na loja, no restante do tempo permanece de pés descalços na sua mesa de trabalho. Que joia esse lugar! Que joia essa pequena cidade! E que outras joias há por lá…Como o pequeno restaurante do centro onde comíamos quase todo o dia, já que com o calor intenso era impossível cozinhar na nossa casinha. Atendidos também pelos proprietários, casal apaixonado, em sintonia. O pequeno estabelecimento é simples e refinado, pratos apresentados como os de chef em grandes restaurantes, comida gostosa, com bom preço, feita com carinho pelo casal. Joias também. Ficávamos conversando no tal restaurante até fechar, papo gostoso, histórias de vida, troca de vivências. Conexão absoluta e mágica, como outras que a nossa vida viajante tem nos proporcionado. O tal restaurante apresenta todos os dias o seu cardápio no Instagram, o dona’s coffeebar, imagens atraentes, e posso afirmar que, ao vivo, é isso mesmo. Tudo lindo, gostoso, agradável, tudo vale ouro por lá. Há muitas joias naquele lugar, que contarei em outros escritos. Falo da cidade de Natividade, no Tocantins. Para lá voltaremos qualquer dia desses…














Adorei a história desta edição.
Como bom virginiano adoro saber sobre a evolução da história e dos costumes do povo e descrevestes com maestria. Mesmo conhecendo algumas cidades de tocantins essa é novidade.
Aguardarei saber sobre as lendas do lugar.
Pode aguardar…Natividade reserva surpresas…
Que narrativa prazerosa de ler! Deu vontade de conhecer esta pitoresca cidade! Parabéns!!
Obrigada! E vale a pena conhecer Natividade!
Que interessante! No TO? Senti vontade de conhecer o estado. Eu estava achando que era em MG, na região de Mariana, por ali. Muito legal!
Nosso Brasilzão é cheio de surpresas! Natividade é uma delas! E vamojuntooooo aqui no Exempplar.
Uauuu….que nome charmoso!
Tudo é um charme por lá…
Linda história! Amei!
Obrigada! E vamoquevamo na vida viajante!
As peças da “Ourivesaria Colonial” de Natividade TO são maravilhosas e delicadas, produzidas com muito profissionalismo artesanal, a Anfrizia sua proprietária é uma simpatia.
O restaurante “CoffeBar” localizado no centro da cidade bem em frente a Igreja de pedra, ponto turístico imperdível, serve comida deliciosa e maravilhosos drinks, sempre com a simpatia do casal proprietário.
Vale a pena conferir os dois, amamos…
Muuuuuita vivência!
Adoro este verdadeiro garimpo de tesouros escondidos! Linda matéria
Que bom que gostaste! E continua conosco aqui no Exempplar!
A joia maior foi a permanecia de voces lá
Tudo joia!
Crônica interessante: uma joalheria de uma cidade histórica cheia de ouro e vida !
Os teus relatos me fazem conhecer as particularidades deste imenso Brasil.
E vamojuntooooo sempre aqui no Exempplar!
No início, achei que fosse alguma cidade de Minas, pelo casario e a tradição do ouro. Mas é Natividade, no Tocantins — um estado recente, e ainda assim com tanta história, cultura e lugares encantadores. Esse é o nosso Brasil, com joias escondidas.
E tem muitas!
Só de ler, deu vontade de ir conhecer… também pensei tratar-se de uma cidadezinha de MG, mais uma surpresa desse nosso enorme país.
Surpresa no final! Que bom que gostaste!
Muito interessante, também achei que era Minas Gerais. Lembrei que para aqueles lados tambem teve o ciclo do ouro. Deu ate vontade.de conhecer e curtir o local. Parabéns Elida, mais uma viagem histórica com boas crônicas.
Obrigada! Que bom que gostaste!
Também pensei que era e Minas Gerais.
Adorei a história, deu até vontade de conhecer. Suas crônicas me traz vontade de correr mundo. Parabéns. e boas viagens.
Obrigada! E vamboraaaaa pra vida viajante!
que legal…adorei
Obrigada querido!
Mais uma vez viagei junto com Elida. Sua descrição puxa a gente para a cidade e me faz planejar voltar ao Tocantins mas com uma casinha junto. Rever essa natureza e esse povo mas sem a pressa dos guias turísticos!
É isso! Contemplar mais…é o que a vida na estrada tem nos proporcionado!
Muito da nossa historia passa muito por essas cidades historicas
E nós passamos por elas! E vamojuntooooo…
Amiga Élida, como sempre suas crônicas nos remetem ou à lembranças pessoais, ou à experimentar na imaginação cada detalhe que você conta. Esse lugar já marquei no plano de viagem.
Obrigada!
Vcs vão gostar!
Isso mostra como conhecemos pouco o Brasil. Hoje já não tanto, mas há pouco tempo conhecíamos (e talvez, valorizávamos) muito mais os Estados Unidos – que nos chegava pela TV e os filmes -, do que o nosso país. Muito bom que vocês divulgam suas andanças e assim nos alertam para o quanto existe de riqueza no país profundo. Continuem nos surpreendendo com essa crônicas tão inspiradoras.
Isso mesmo! Sempre há belas surpresas a vivenciar!
Parabéns pela vontade e oportunidade de conhecer nosso Brasil ,nossa terra ,nossa gente.
Obrigada. E vamojuntooooo
Linda e maravilhosa história.. viagei na narrativa ❤️❤️
Que bom que gostaste!
E vamojuntooooo…