Nas nossas muitas caminhadas pelas praias onde moramos de vez em quando, vislumbramos paisagens maravilhosas, paredes rochosas, pedras que parecem terem sido colocadas ali na posição perfeita para contemplação do por do sol. Os barcos de pescadores ancorados formam um conjunto lindo, colorido, muito retratado em fotografias e pinturas, mas nada reproduz e emoção que o cenário me provoca, ali, pertinho, sentindo os cheiros do mar, com o sol torrando minha cabeça. As areias sob os nossos pés são às vezes fofas, às vezes endurecidas, fininhas ou quase um cascalho. O mar, essa imensidão misteriosa, nos chama para um banho quase morno, em águas calmas, ou nos afasta com suas ondas gigantes e assustadoras. Acho as paisagens das praias sempre grandiosas, misteriosas, desafiadoras. Gosto de contemplar o mar, não me atrevo a enfrentá-lo, tenho medo das ondas, admiro os surfistas, não me canso de ver suas manobras. Não gosto de praias lotadas, essas, pra mim, são excelentes para encontro com amigos, uma cerveja gelada e só! É bom, mas muito de vez em quando! A caminhada na areia pra mim é quase um ritual, prefiro sozinha, ouvindo os ruídos do mar e os barulhos da minha cabeça. Junto à natureza, ao mar, à areia, à vegetação, encontramos…cemitérios!
Não sei se existem no sul ou no sudeste, mas, morando de ponta a ponta no litoral brasileiro, encontramos dois cemitérios em praias do Ceará. Um em Canoa Quebrada e outro em Icaraizinho. Que curiosa descoberta! Em ambos os locais, as histórias são idênticas: o cemitério foi construído há muito tempo, a maré avançou e hoje eles estão na areia da praia. Em Canoa Quebrada, praticamente no centro, os túmulos dividem espaço com os barcos de pesca e os turistas. Em Icaraizinho, o cemitério é mais isolado, pra chegar lá só de bugue, bike ou quadriciclo. Nesses cemitérios a gente vê túmulos antigos, abandonados, semidestruídos pelas ondas, misturados a outros, bem conservados pelas famílias. Os pescadores ao redor convivem bem com o cemitério, seu vizinho, dizem que querem ser enterrados ali mesmo, à beira mar, onde passaram toda a vida. Contam que se deparam, às vezes, com ossadas que são carregadas pelas ondas, após o túmulo ter sido violado pela força da maré. É possível também ver túmulos abertos, nunca cheguei perto a ponto de conferir se as ossadas ainda estavam ali ou já tinham saído para o mar. Os mistérios da vida e da morte me fascinam, mas não a ponto de colocar a cara para dentro de um túmulo violado à beira da praia. Olhando o cenário dos cemitérios na praia, penso que nas minhas caminhadas poderei encontrar algum osso humano. Tomara que não seja um corpo desovado no mar, prefiro achar que é de um pescador enterrado ali, que ele está em seu lugar, era ali mesmo que ele queria estar, para sempre. Seus cacos carregados pelas ondas pra lá e pra cá, junto às conchas, na areia do mar. Se sentir algum osso sob meus pés, acho que não vou me incomodar, vou seguir caminhando. Ali na areia, junto ao mar, estamos eu e o pescador onde gostaríamos de estar. Tudo está no seu lugar.
Muito boa a matéria dos cemitérios a beira mar. Lembrou um sambaqui entre a lagoa do Marcelino e a do Peixoto em Osório RS onde as cheias oriundas do morro levavam os ossos e conchas pelos . Quando pia era fácil ver ossos e artefatos e caminhávamos pelas areias sem dar muita importância. Hoje tais cemitérios não existem mais a área toda foi ocupada por condomínios as margens das lagoas. Espero que no nordeste os povoados de pescadores preservem e cuidem dos cemitérios a beira mar.
Belo lugar. Vizinhos tranquilos que nao fazem barulho. Ajardinamento frequente com flores. Vista para o mar. Quem vai pra la dificilmente se muda, ficam anos a fio.
TOP,!
Obrigada!
Sigamos juntos!
Muito boa a matéria dos cemitérios a beira mar. Lembrou um sambaqui entre a lagoa do Marcelino e a do Peixoto em Osório RS onde as cheias oriundas do morro levavam os ossos e conchas pelos . Quando pia era fácil ver ossos e artefatos e caminhávamos pelas areias sem dar muita importância. Hoje tais cemitérios não existem mais a área toda foi ocupada por condomínios as margens das lagoas. Espero que no nordeste os povoados de pescadores preservem e cuidem dos cemitérios a beira mar.
Uau…Obrigada pela contribuição!
Parece história de pescador hehe
muito legal.
Deliciosas histórias… cemitérios reais! Uau…
Que história interessante,nunca tinha ouvido falar de cemitérios a beira mar
Ah,que maravilhoso contemplar o mar
Leitura e textos maravilhosos
Obrigada querido!
Mais uma bela reflexão, Elida.
Obrigada, querida! E sigamos juntas por aqui também!
Olha que essa crônica inspira filme de suspense!
Olha aí…quem sabe tem um roteirista aqui entre os leitores?
Belo lugar. Vizinhos tranquilos que nao fazem barulho. Ajardinamento frequente com flores. Vista para o mar. Quem vai pra la dificilmente se muda, ficam anos a fio.
Uma leitura sensível e bem humorada da crônica! Obrigada!
Lindo! Visão positiva e artística de um cenário real. Cotidiano revisitado. Ótimo.
Obrigada!
Sigamos juntos aqui no Exempplar!
Que saudades de assistir os vídeos. Belas entrevistas.
Aguarda amigo! Quem sabe os vídeos voltam hein?