Se a gente compreender “estaca” como um termo genérico, que se refere a alguma coisa que fixa, que sustenta, que mantém algo preso à terra, é possível fazer uma analogia com a própria vida. A maioria das pessoas precisa desta estrutura, de segurança, de terra firme para melhor pensar, melhor trabalhar, melhor viver.
Levando a vida por aí, trilhando vida numa casa sobre rodas, encontramos muitos viajantes, pessoas que optaram por viver trocando de lugar, contrários a fixar os pés na terra. Cruzamos, vizinhamos com idosos como nós que, depois de trabalharem muito, construíram patrimônio, resolveram sair, descolar do chão onde sempre viveram. Convivemos também pela estrada com o pessoal mais jovem que optou por viver sem estacas. Tem gente que trabalha on line, tem gente cuja atividade é na estrada mesmo. Tem de tudo. O que têm em comum os idosos que passaram a viver na estrada com os jovens começando sua vida produtiva agora? O desejo de viver sem estacas, eu acho!
Neste momento reflito que essas escolhas têm a ver com o ciclo da vida. Pelo menos isso serve para a minha vida. Foi preciso, por muito tempo, construir casa, educar filhos, correr pra lá e pra cá para conseguir pagar os boletos que parece brotarem do chão. Foi preciso ancorar a vida em um espaço, configurar um universo fixo para criar os filhos, para ter um porto seguro para onde voltar, onde encontrar tudo no mesmo lugar, estrutura pronta e conforto para vencer os desafios do dia a dia. Agora, pela estrada, me coloco em outro lugar, como muitos dos meus vizinhos com os quais convivo pelo caminho. Não penso, neste momento, naquelas pessoas que passaram a morar em estruturas sobre rodas, como única opção de vida. Há essas também. Penso agora em escolhas.
Cruzamos muito com artistas, normalmente casais, que trabalham na estrada. Tem os artistas plásticos, artesãos, que vendem seus produtos por onde passam. Tem os cantores da noite, músicos, que passam em um determinado município, cantam em bares, recebem seus couverts e seguem adiante. Se o povo gosta, combinam outra noite e mais outra e vão ficando em restaurantes e pizzarias que aceitam seus serviços como atrativos para os seus estabelecimentos. Há os artistas que colocam uma banquinha junto às suas casas andantes e ali produzem colares, brincos, adereços de todo tipo, desde que seja possível de serem criados em ateliers tão pequenos. Ficam por ali, ao redor, vendendo suas criações. Se for na praia, andam pela areia. É preciso vender para conseguir a grana para comer, comprar produtos básicos e abastecer o carro/casa para seguir adiante. Há também atividades muito próprias das cidades como, por exemplo, barbearia, fisioterapia, manicure, massoterapia, que são possíveis de serem feitas na vida nômade. Encontramos até um estúdio de tatuagem estruturado em uma van reunindo casa, carro e ambiente montado para o trabalho.
Há gente vivendo na estrada que trabalha formalmente, carteira assinada, horário de trabalho e tudo mais, só que na modalidade de home office. Arrisco dizer que estas experiências são um ensaio ainda, pois somente foram retiradas as estacas da casa, do lugar, do território. Permanecem o trabalho e tudo mais da vida formal. Acho mais interessante refletir sobre aqueles que alçaram voos como nós, cada um do seu jeito.
A vida viajante retira as estacas da casa, do trabalho formal, do lugar fixo onde se vive e as finca no coração. As estacas da vida viajante são os afetos conquistados pelo caminho! Aprendemos a construir vínculos fortes e o curioso é que não há saudade quando nos distanciamos uns dos outros, temos a certeza de que nos encontraremos logo adiante ou, quem sabe, adquirimos a leveza de aceitar que nunca mais nos veremos presencialmente. Temos a segurança das estacas, não mais das estruturas físicas, mas as geradas das conexões espirituais!














Esta é a vida que escolhemos viver “trilhar” e estamos felizes com a escolha, e você conseguiria viver sem estacas?
❤️
Texto formidável,adorei
Obrigada querido! Que bom que gostaste!
Mas que beleza de relato. Agradecemos esta nossa conexão. Vamos divulgar esta matéria
ADELI SELL
Maravilha!
Obrigada ❣️
❤️
Maria Élida se lançou a viver sem estacas e contagia com sua crônica. Seu relato é instigante, contando um dia-a-dia sem rotina, cheio de novas possibilidades que esta leitora não tinha presente!! Acho que vou comprar um trailer e vou ao encontro de aventuras, quem sabe em até outras dimensões. Sem estacas!
Vamboraaaaa pela vida…e sem estacas!
❤️
Que bom poder ler essas reflexões! Hoje uma descoberta de caminho de vida, no futuro talvez seja uma opção mais comum para muitas pessoas. Obrigada por compartilhar.
Que bom que gostaste! E sigamos juntas aqui no Exempplar!
É preciso muita coragem para abandonar as estacas que levamos uma vida fixando e nelas se prendendo. Mas, como mostras, é possível.
Cada um do seu jeito!
Obrigada pelo comentário!
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Que lindo…
Obrigada amigo lindo!
Parabéns pelo belo texto, Maria Élida !
Valeuuuuu
Excelente! Vale a pena a leitura!
Obrigada querida! Continua conosco também aqui no Exempplar!
Pra mim, uma vida estruturada sobre rodas sempre foi fascinante. Parabéns, Maria Elida, pela coragem de se lançar nesse admirável Mundo novo, que muitos admiram, mas poucos se arriscam a conhecer.
É o ciclo da vida, amiga! Quem sabe seremos vizinhas também na estrada!
Me vi em alguns trechos… preciso da segurança, sim, mas a liberdade também me move. Vivo buscando esse equilíbrio. Gostei de acompanhar esse olhar.
Obrigada!
Que bom que minha escrita te provocou reflexão!
Oi Elida, Maravilhosa reflexão, estamos.onde nosso coracao nos faz feliz. viver em liberdade, curtir a natureza, estar onde quiser, sim é maravilhoso, estar com um companheiro como copiloto desta jornada, melhor ainda.
Adoro suas histórias, sucesso sempre. Deus acompanhe sempre vcs.
Amém! Obrigada!
Obrigado pelo carinho.
Tem crônica novas por aqui todo início de semana.
Amiga, é isso mesmo. A vida na estrada traz desapegos comuns, as estacas da rotina são arrancadas e passamos a nos apegar ao que cada caminho, parada, pessoas que encontramos de forma livre, é um apego liberto e altruísta.
Quem é viajante se identifica!
Obrigada amiga pelo comentário!
Querida Maria Élida! Talvez um dia, eu tenha uma experiência como esta que compartilhas conosco e também aprenda um pouco mais sobre as infinitas possibilidades de viver, para além daquilo que nos acostumamos, numa casa tradicional ou como fazemos na maioria das vezes. Ou não, o que é mais provável, kkk. Eu precisaria descontruir muitos apegos, comportamentos, enfrentar medos e manias. Mas entendo que não é sobre isto, não é sobre buscar a experiência do outro, e sim sobre a nossa, aquela que nos será possível, que daremos conta. Agora, certamente, ler tuas histórias, tuas vivências, é cativante, motivador, desafiador e sem dúvida já nos faz refletir sobre como vivemos, como podemos reinventar, criar e efetivamente desenvolver a capacidade de mudar, desacomodar, e de todo dia lutar para ser feliz momento a momento, sejam bons, sejam ruins, na vida como ela é! Gratidão!
É isso! Cada um do seu jeito! O importante é SE perceber…Obrigada por compartilhar tua reflexão!
Mais uma vez Élida é clara e profunda. Estacas! Tem de todos os jeitos, fortes, fracas, com e sem amarras. Parabéns. À espera da próxima crônica. Ahhhh…algumas eliminaram vampiros
Olha só…tem as estacas dos vampiros! Ampliando a reflexão! Viajando….
Ótima reflexão, o importante é ser feliz, com ou sem estacas!!!
É isso mesmo…❤️
Como já disse um sábio: “O segredo da felicidade é só possuirmos aquilo que conseguimos carregar nas costas!” E isso sim é viver a vida!!!
Valeuuuuu amigo! É isso!
Excelente texto. Bem elaborado e leitura agradável. Estou esperando o segundo volume do livro de vcs.
Hummm….aguarda aí!