Calamidade financeira se origina em décadas de calamidade em gestão na área pública. No setor privado, existem situações semelhantes, mantidas algumas proporções. Quedas abruptas de vendas geram uma grave situação financeira, mas atribuir-se à crise a tragédia é simplista demais. Crises vão e vêm, por isto uma das funções da gestão é preparar a empresa para suportar reduções bruscas de receita.
Muitas companhias jamais pensaram sobre o assunto, mas este é um dos maiores riscos a que estão permanentemente submetidas.
Alguns dos estados mais ricos do Brasil estão em calamidade financeira. Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro estão na ponta da lista do desastre financeiro. O mais correto é afirmar que RS, RJ e outros estados deveriam decretar ESTADO DE CALAMIDADE EM GESTÃO. Gestão sempre é a causa das calamidades financeiras. O que, então, as empresas de verdade, as privadas, devem fazer se a crise não passar? Elas não têm os privilégios de pedir socorro como a incompetente área pública tem. Vejo muitas empresas esperarem indefinidamente o final da crise, já que atribuíram a ela os maus resultados. É preciso convencer-se de que crise nunca é causa de nada, ela apenas mostra a fragilidade de uma empresa. Frequentemente o negócio mudou e a crise mascarou a mudança e apenas acelerou a tragédia. Este engano pode ser percebido tarde demais ou mesmo jamais admitido e uma empresa encolherá para o nível da insignificância ou da falência.
Há duas atitudes que proprietários e diretores devem tomar: durante o dia trabalhar de forma incansável para salvar suas empresas. À noite, refletir sobre as fraquezas do sistema de imunidade das companhias – ele se chama “caixa” – e traçar planos de ação para mudar o modelo de negócio o quanto for preciso.
Tudo se torna urgente: salvar a empresa e mudá-la ao mesmo tempo. Um fato: provavelmente proprietários e diretores não sabem fazer isto. Se soubessem, já teriam feito. Como não sabem, precisam da ajuda de outros empresários e de consultores. Se forem arrogantes, não vão admitir a falta de conhecimento e vão morrer. Se forem humildes, pedirão ajuda e aumentarão razoavelmente as chances de sobrevivência no curto prazo e crescimento no longo.
Uma verdade necessita ser dita e entendida: se as empresas fizerem mais do mesmo, as chances são reduzidas. Se esperarem a crise passar, as chances se reduzem mais ainda. Ações devem ser tomadas imediatamente através da busca de conhecimento e de um trabalho muito duro 18 h por dia.
Paulo Ricardo Mubarack
Fonte: http://www.mubarack.com.br