Uma noite bem dormida é essencial para manter o organismo funcionando adequadamente e assim garantir nossa saúde, pois o sono é fundamental para o descanso do corpo e da mente. Uma das doenças que podem contribuir para essa má qualidade é a apneia obstrutiva do sono, ou, como é mais conhecida, apneia do sono.
Em entrevista, o médico otorrinolaringologista da Unimed Araxá, Marcelo Viviani, fala sobre sintomas, diagnóstico e tratamento. Leia abaixo:
O que é a apneia do sono?
É uma condição que se caracteriza por períodos de pausas respiratórias, que duram cerca de 10 a 20 segundos. Nela ocorre a interrupção completa do fluxo de ar através do nariz ou da boca. Essas paradas reduzem os níveis de oxigênio no sangue, aumentam os batimentos cardíacos e a pressão arterial, o que pode favorecer, no longo prazo, o surgimento de doenças graves, como hipertensão, arritmia, infarto e insuficiência cardíaca congestiva.
Alguns estudos relacionam um quadro de apneia do sono como sendo uma das causas de aterosclerose, que pode ser um fator de risco para infarto agudo do miocárdio e derrame cerebral. Pessoas que já fazem tratamento para doenças do coração e pressão alta precisam estar atentas para o diagnóstico da apneia do sono, pois quando não tratada, ela contribui para a piora da função do coração e aumenta o risco de morte.
Por que a apneia do sono ocorre?
Quando dormimos, a musculatura da garganta relaxa e, consequentemente, a língua cai e há um deslocamento da mandíbula. Esse quadro leva à obstrução da garganta, impedindo a passagem do ar (apneia). Quando isso ocorre, a pessoa desperta e a musculatura da garganta retoma sua força, o que mantém a garganta aberta e desobstruída. O problema é que, quando a pessoa volta a adormecer, o ciclo se repete, pois a via aérea fecha novamente. E isso vai acontecendo durante toda a noite.
Quais são os sintomas da apneia do sono?
Os principais sintomas desse distúrbio são: ronco, sono agitado, dor de cabeça, dificuldade de atenção e concentração, problemas de memória, sonolência excessiva durante o dia, alterações de humor, sensação de sufocamento ao acordar, dor no peito, desconforto ao despertar, boca seca ou dor de garganta pela manhã e falta de disposição.
Como é feito o diagnóstico da apneia do sono?
O diagnóstico da apneia do sono é feito pelo otorrinolaringologista, levando em consideração os sintomas presentes, exame físico e o resultado de testes como a polissonografia, que é um exame que pode identificar as alterações na respiração da pessoa durante o sono.
Como é o tratamento?
O tratamento visa manter a abertura da via aérea, evitando sua obstrução. Assim, consegue-se prevenir a apneia (pausa), a queda da oxigenação do sangue e o aumento da pressão arterial, devolvendo ao paciente uma melhoria em sua qualidade de vida.
A escolha pelo tratamento leva em conta fatores como: resultado da polissonografia, grau de queda da oxigenação do sangue e presença de outras doenças associadas.
Em geral, nos casos leves e em alguns moderados pode ser tratada com mudanças nos hábitos de vida, como, por exemplo: perder peso; evitar o uso de medicamentos para dormir; praticar atividades físicas; evitar o consumo de bebidas alcoólicas; dormir de lado; evitar o consumo de comidas mais pesadas antes de dormir; reduzir o uso de cigarros algumas horas antes de se deitar e manter a cabeceira da cama elevada entre 15 e 20 cm.
Também pode ser recomendado o uso de aparelhos intraorais, que ajudam a aumentar a passagem do ar pela garganta. O aparelho traciona a mandíbula do paciente para frente, trazendo consigo todos os tecidos moles da base da língua e parte da faringe, criando, assim, um espaço e melhorando o tônus na região.
Já os casos mais graves podem exigir o uso do CPAP (pressão aérea positiva contínua), um aparelho que promove um bombeamento de ar contínuo durante o período de sono para impedir o fechamento da garganta, evitando a apneia e suas consequências. O equipamento conta com uma máscara, que é colocada no nariz, e um compressor de ar, que força a entrada do ar dentro do nariz e nas vias aéreas. Essa pressão mantém as vias aéreas abertas e permite que a pessoa durma e respire normalmente durante a noite.
Existem também cirurgias para o tratamento da apneia do sono, sendo indicadas em casos selecionados. O objetivo é corrigir anormalidades que podem ser a causa do comprometimento da respiração, como amígdalas aumentadas, pólipos nasais, desvio de septo nasal e malformações do queixo e do palato mole.
Quando a qualidade do sono não vai bem, os impactos na saúde e qualidade de vida podem ser enormes. Por isso, é sempre importante consultar um otorrinolaringologista quando perceber algum indicativo de que suas noites de sono não têm sido adequadas.
Daniel Nacati
Assessor de Comunicação / Unimed Araxá
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