Foto: NASA
Em meio ao caos, a turbulência e violência que assistimos diariamente nos noticiários da TV, uma imagem nos surpreendeu pela beleza. A imagem da nebulosa Carina distante a mais de 7.000 anos-luz de nosso planeta. No dia 12 de julho a NASA, numa entrevista coletiva atraindo centenas de jornalistas do mudo inteiro, divulgou estas e outras imagens obtidas pelo telescópio espacial James Web. O que mais chamou a atenção foi a nitidez obtida por este singular telescópio lançado em busca de novas descobertas pelo cosmos.
A Terra parou para ver as maravilhosas fotos à medida que eram apresentadas pela Agência norte americana. Em uma delas vimos uma gigantesca aglomeração de galáxias distante há 13,2 bilhões de anos luz. A ciência astronômica estima que o universo tem cerca de 13,8 bilhões de anos. Imaginem só, estamos bem perto disso, não é mesmo? Perto talvez de desvendarmos o sentido de nossa existência, pois o fabuloso astrônomo Carl Sagan escreveu num de seus livros que “nós somos feitos de poeira das estrelas”.
Muito provavelmente Sagan de maneira poética, mas certeira, nos dizia que todos os átomos do nosso corpo vieram de uma estrela que explodiu. Você jamais poderia estar aqui se as estrelas não tivessem explodido, pois os elementos necessários para a evolução e para a vida foram criados nas usinas nucleares das estrelas. Todos os elementos, o carbono, o oxigênio, o nitrogênio, o ferro que ajudam a compor nosso corpo, só podem estar ali por uma simples razão: de acordo com o inspirador físico Lawrence Krauss, porque elas, as estrelas, foram gentis o bastante para explodirem.
Esta maneira de explicar a nossa existência e a do universo nos comove. Mas, vimos ainda qual pequeninos somos diante do mistério de toda essa imensidão e nossos problemas também diante da vastidão do universo.
E enquanto vivos, frágeis mortais, alguns cientistas tentam tornar o mundo mais fascinante através de suas descobertas. Talvez a constituição e disposição de seus átomos em seu organismo os tornam tão inteligentes e sensíveis e por isso os admiramos tanto. E, talvez uma centelha de luz divina os fazem expressar e mostrar de maneira descomplicada o que há de belo no mundo. O físico e filósofo francês Henri Poicaré esclarece melhor quando diz que o cientista não estuda a natureza por que é útil; ele a estuda porque sente prazer; e ele sente prazer porque a natureza é bela. E os resultados disso podem sim, felizmente, de alguma forma, serem uteis a todos nós em sociedade.
Este mês de julho é o Mês da Ciência. Recentemente uma pesquisa internacional mostrou que os brasileiros estão entre os que mais têm interesse pela ciência. E no Brasil, uma nova pesquisa mostra que as pessoas passaram a se interessar mais por saúde e ciência, estão mais confiantes nos cientistas, nos médicos e nas instituições brasileiras. Isso se reflete no alto potencial dos brasileiros que acreditam na vacina e que estão vacinados e vivos. Vejam a bem-sucedida campanha de vacinação do nosso admirado SUS.
Vimos que nem tudo está perdido, e nem todas as luzes foram apagadas em busca de procurarmos um mundo melhor e de um novo projeto para o país. Artistas e cientistas, segundo Gilberto Gil em seus lúcidos e iluminados 80 anos, desbravam o desconhecido e esquadriam os mistérios do universo e da alma. Ciência e cultura nos ajudam a enxergar e reencontrar nossa humanidade. Enfim, “o brilho da ciência e da cultura vai nos tirar da escuridão”.
Num universo de perguntas e respostas, os artistas assim como os cientistas têm algo em comum. Para descrever e desvendar a mundo se valem de muita criatividade, amor, matemática, prazer, ambição, da alegria e do bom-humor. E há sempre aqueles que vêm complementar o pensamento de um admirador, como assim fez o renomado astrofísico Neil De Grasse Tyson parafraseando Carl Sagan quando disse: “que nós somos um meio do universo conhecer a si mesmo”. Devemos enxergar isso assim que quando aprendemos sobre o universo, estamos também aprendendo sobre nós mesmo. Compreendemos sobre algo que constituímos. Afinal, não somos feitos de poeira das estrelas?
Por falar em luz há uma história que reflete o pensamento simples e genial de um de um grande cientista. Certa ocasião o físico Richard Feynman na companhia de um aluno, contemplava concentrado um arco-íris, parecia como se nunca estive visto aquilo, por tão admirado que estava. O jovem vira para o mestre e indaga: “você sabe quem foi o primeiro a explicar a verdadeira origem do arco-íris. Foi Descartes – ele respondeu. Depois de um momento, continuou: “e qual você acha que foi a característica do arco-íris que mais se destacou aos olhos de Descartes para inspira-lo na sua análise matemática? O aluno disse:” bem, o arco-íris surge como um arco das cores do espectro quando gotas d’água são iluminadas pelo sol atrás do observador”. E Feynman o surpreendeu com a seguinte observação: “você está deixando de lado uma característica fundamental do fenômeno. Eu diria que sua inspiração veio do fato de ele achar que os arco-íris eram lindos”.
FÍSICA E POESIA Depois que o sol se pôr, à noite ao olharmos para o céu estrelado e observar outras explosões que estão formando os mesmos elementos que compõem tudo que há no universo ao nosso redor. E pensar que é assim mesmo- os átomos dos seus olhos provavelmente vieram de uma estrela, e cada membro de seu corpo é composto de outros átomos de outras estrelas. E ali diante das imagens atuais de outras nebulosas, que são um grande berçário estelar, do mais moderno telescópio espacial, nos maravilhamos ainda mais.
Por: Glayer França Jordão