A tosse é um reflexo comum do nosso corpo e atua como um mecanismo de defesa das vias respiratórias. No entanto, para muitas pessoas, essa manifestação se torna um incômodo persistente, mesmo após a recuperação de eventuais infecções respiratórias. A condição, conhecida como tosse residual, é motivo de preocupação e merece ser compreendida em suas diversas nuances.
Em geral, o sintoma é desencadeado por infecções nas vias aéreas, que podem ser causadas por vírus, bactérias, fungos ou até parasitas. “Durante esses episódios, o corpo reage inflamatória e defensivamente, aumentando a produção de muco para expelir agentes patológicos. No entanto, em alguns casos, mesmo após a infecção ser tratada, a inflamação pode persistir, resultando em tosse residual”, contextualiza o pneumologista da Hapvida NotreDame Intermédica, Walter Netto.
Micro-organismos atípicos
Além disso, infecções causadas por micro-organismos menos comuns, conhecidos por germes atípicos, podem levar a quadros mais prolongados de tosse. “Nesses casos, a identificação do agente causador é fundamental para o tratamento adequado. Exames laboratoriais, como a cultura de escarro e o antibiograma, desempenham um papel crucial na escolha da terapia correta”, complementa o médico.
Impactos paralelos
Paralelamente, a tosse pode estar relacionada, ainda, com condições gástricas, a exemplo do refluxo. Outro aspecto importante que frequentemente é negligenciado é o impacto do estresse e da ansiedade sobre a saúde respiratória. Muitas pessoas experimentam uma intensificação dos sintomas em períodos de maior tensão emocional, o que pode agravar o quadro. “A inflamação das vias aéreas, já instalada, pode ser exacerbada por esses fatores, levando a um ciclo de desconforto”, pontua.
Além disso, agentes inalatórios presentes em nosso ambiente, como poeira, ácaros e fumaça, podem atuar como gatilhos, especialmente para aqueles com condições respiratórias crônicas, como asma ou DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica). “A exposição a alérgenos sazonais, como o pólen, também pode complicar a situação, levando a episódios de tosse mesmo após a recuperação de uma infecção”, explica Walter.
Para abordar a tosse residual de maneira eficaz, é essencial um diagnóstico preciso. “Entender quais são os gatilhos específicos de cada paciente pode facilitar o manejo e melhorar a qualidade de vida. Testes alérgicos são recomendados para identificar sensibilidades. Em muitos casos, a asma é subdiagnosticada, o que pode interferir no tratamento”, assegura.
É fundamental destacar que a tosse residual é mais do que um sintoma inconveniente; é um sinal de que o organismo ainda pode estar lidando com processos inflamatórios. “Se você está enfrentando esse problema, recomendo procurar orientação médica. Um acompanhamento adequado pode fazer toda a diferença na sua saúde respiratória e no seu bem-estar geral”, orienta.
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Érica Magalhães
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