Segundo o levantamento recentemente divulgado pelo IBGE, através dos resultados concluídos pelo Censo 2022, a população brasileira possui aproximadamente 20 milhões de diabéticos. Já a IDF (Federação internacional de Diabetes), entidade que reúne mais de 240 associações de diabetes em mais de 161 países e territórios, concluiu que existem mais de 530 milhões de diabéticos em todo o mundo. Não à toa, a patologia não só acomete parentes e amigos próximos, como diversos famosos. Entre eles o cantor Nick Jonas e o ator Tom Hanks, ambos americanos, já no Brasil, a representatividade fica por conta dos atores José Loreto e Babu Santana, as cantoras Ana Carolina e Paula Toller também.
A patologia possui dois tipos, o diabetes tipo 1, que costuma ser diagnosticada na infância e na adolescência, mas pode surgir ao longo da vida, ocorre quando não há uma produção suficiente de insulina, fazendo com que a glicose permaneça na corrente sanguínea, assim aumentando a taxa de glicemia no corpo. Já o diabetes tipo 2 costuma surgir já na fase adulta, principalmente entre pacientes que não seguem uma dieta equilibrada e que não praticam exercícios físicos frequentemente, apesar de também poder ser um fator genético.
Assim como o cantor Nick Jonas, que foi diagnosticado com o diabetes tipo 1 na infância, Beatriz Scher descobriu que fazia parte da estatística aos 6 anos. Apesar do apoio familiar, encontrar informações sobre a condição que enfrentava sempre foi um desafio para a carioca. Sem outros diabéticos na família ou no círculo de amigos, a influenciadora não encontrava comunidades onde outras pessoas com a condição pudessem trocar experiências e compartilhar suas vivências com ela. Com essa sede de saber e de se sentir ouvida, Beatriz criou o perfil @biabetica, que transformou a carioca em uma influenciadora em prol da conscientização da diabetes.
“Tive muitos episódios de hiperglicemia durante a adolescência, isso me fez procurar por mais estudos sobre o diabetes. Descobri que é natural que durante a puberdade exista uma descompensação nos níveis hormonais, fazendo com que a glicose baixe muito e que esses episódios sejam mais frequentes. Isso também é um grande risco à vida dos diabéticos,”, conta a influenciadora.
Para a médica Solange Travassos, outro desafio ao conviver com a patologia é a falta de acesso ao tratamento adequado para cada caso. Isso porque, segundo a profissional, menos de 15% dos adultos com diabetes tipo 1 têm controle satisfatório e entre as crianças, apenas cerca de 20% tem um controle adequado com baixo risco de complicações. “Vale ressaltar que cada paciente é único, não é como seguir uma prescrição de um antibiótico, que é igual para todos. As pessoas com diabetes necessitam de orientação médica, nutricional e para a atividade física. A incidência de transtornos mentais como ansiedade, depressão e o stress gerado pelo tratamento do diabetes são frequentes e necessitam de acompanhamento psicológico e por vezes psiquiátrico”, explica.
Buscando melhorar sua qualidade de vida, Beatriz, com 20 anos e já tendo episódios de hipoglicemia, em suas pesquisas, descobriu a bomba de insulina com sensor. Porém, o dispositivo era muito caro, custando cerca de R$20 mil no plano de saúde particular. Através de uma ação judicial, a influenciadora conseguiu o aparelho de forma gratuita, transformando sua vida, já que ao mudar o seu tratamento, antes que se baseava na aplicação de canetas de insulina, o número de episódios de hipoglicemia reduziu, indo de 20 para 4 vezes ao mês. Com isso, teve muito mais autonomia e liberdade.
“A educação em diabetes é a base do tratamento, pois são necessários vários ajustes no tratamento para manter a glicemia controlada, com pouca hipoglicemia, 24 horas por dia, sete dias por semana, sem direito a férias. Ainda lidamos com a descriminação nas escolas e no trabalho. A boa notícia é que a evolução tecnológica trouxe melhores insulinas, sensores e bombas de insulina muito modernas, que ajustam as doses de insulina de forma automática, garantindo um bom controle, com poucas hipoglicemias e baixo risco de complicações relacionadas ao diabetes no longo prazo. Outro grande desafio é levar esses avanços para todos que precisam”, afirma Solange.
Beatriz nunca enfrentou questões de vergonha ou dificuldades familiares para lidar com a diabetes. Nunca teve problema em usar biquinis com bombinha de insulina a mostra ou de se sentir mal com a estética dos aparelhos. No entanto, conforme a comunidade que criou no Instagram foi crescendo, Beatriz se deparou com muitas pessoas que tinham dificuldade ou vergonha em lidar com o dia-a-dia da doença. Uma das maiores queixas de todos sempre foi a falta de produtos personalizados.
“Os produtos para diabéticos sempre são em cores neutras, hospitalares, sem personalidade, com poucas opções de escolha. Uma vez vi uma influencer diabética europeia personalizando sua bomba de insulina em um vídeo e também quis fazer na minha. Meus seguidores amaram tanto que se interessaram em comprar e eu investi nisso. Hoje tenho adesivos para mais de 12 diferentes modelos de bombas de insulina, são mais de 30 estampas”.
A relação com outras pessoas sem a patologia também pode ser um desafio entre os diabéticos, isso porque a alimentação é um ponto que precisa de muita atenção. Conviver com diabetes já é uma tarefa difícil, porém, muitas pessoas podem encontrar uma dificuldade ainda maior por estar exposto a guloseimas, fast-food, bebidas alcoólicas, comuns em festas e em encontros com os amigos, sendo um obstáculo para quem descobriu a doença recentemente. “Como fui diagnosticada aos 6 anos, tive uma facilidade maior em lidar com a questão de dieta já que cresci sabendo o que deveria ou não comer, isso tornou as coisas um pouco mais fáceis. No entanto, a maior queixa dos meus seguidores recém-diagnosticados é essa dificuldade em se adaptar à sua nova vida”, explica Beatriz.
“Devemos consumir frutas, verduras e legumes, que são ricos em fibras, proteínas magras, evitar carboidratos em excesso, alimentos gordurosos e bebidas açucaradas. O carboidrato é o macronutriente que mais impacta na glicemia e sua quantidade precisa ser controlada, mas seu consumo não precisa ser proibido. Hoje a alimentação da pessoa com diabetes pode ser mais flexível e variada através da técnica da contagem de carboidratos, que possibilita uma maior flexibilidade na alimentação e permite o consumo até de pequenas quantidades de açúcar, facilitando o convívio social. A programação nutricional deve ser individualizada, lembrando que o controle do peso corporal é muito importante para prevenir complicações relacionadas ao diabetes”, Solange finaliza.
Sobre Beatriz Scher (@biabetica):
Conhecida como a “influencer da diabetes”, a carioca de 30 anos começou a se aventurar na produção de conteúdo sobre a condição, em 2016. Diagnosticada aos seis anos com diabetes tipo 1, hoje seu objetivo é ser uma porta-voz em prol da conscientização da doença. Através do @biabetica, que conta com mais de 50 mil seguidores no Instagram, Beatriz Scher compartilha a rotina de uma pessoa com a condição, além de educar sobre tratamentos, aparelhos e tudo relacionado ao universo da diabetes. O projeto rendeu, inclusive, uma nova empreitada: a loja Biabética, e-commerce especializado em acessórios alegres e divertidos para pessoas com a condição.
Beatriz de Mello
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