Números recentes do Ministério da Saúde mostram que, apesar da diminuição nos registros de HIV/Aids, observa-se um aumento de 53% no número de casos entre homens de 15 a 29 anos. Além disso, o Ministério identificou um crescimento nos casos de sífilis adquirida em homens, mulheres e gestantes. Em entrevista, o médico infectologista Jeronimo Coelho de Menezes (foto) explica esses números e fala ainda sobre prevenção e tratamento.
O que explica o aumento de casos entre jovens e idosos?
Os jovens tendem a subestimar os riscos relacionados às ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), pois têm a convicção de que com eles não irá acontecer o contágio. Caso ocorra a contaminação, eles argumentam que “tudo bem”, existe tratamento e veem como uma doença crônica, com uma outra qualquer. Já entre os idosos é importante considerar a maior expectativa de vida, o uso de medicamentos para impotência sexual, o baixo uso de preservativo nessa faixa etária, a baixa lubrificação da região genitália e fragilidade das barreiras do organismo, que fazem com que exista uma maior facilidade para a entrada do vírus. Ressaltando que a falta de campanhas de conscientização específicas para esse público é um ponto relevante.
A camisinha ainda é essencial na prevenção?
Sim. O preservativo “camisinha” é o método mais conhecido e acessível para prevenção. Além de prevenir o HIV, também protege o indivíduo das demais IST´s.
Quais os outros métodos de prevenção?
Além do uso de preservativo, o não compartilhamento de perfurocortantes contaminados, como agulhas, seringas e alicates. Também a prevenção com uso de antirretrovirais mais conhecidos como a PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV).
Como é o tratamento?
O tratamento para o HIV evolui muito. Hoje temos medicações modernas, mais eficazes, com menos efeitos colaterais, porém, o paciente necessita de acompanhamento regular com especialista, para avaliar a resposta terapêutica e identificar efeitos adversos relacionados à administração a longo prazo. Utilizamos a TARV (terapia antirretroviral) que consiste em combinação de medicações que ajuda restabelecer a imunidade do organismo evitando a manifestação da doença oportunista. O uso regular é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com o vírus e prevenir, pois, a medicação reduz a quantidade da carga viral circulante no sangue diminuindo a transmissão.
Quando há uma relação sexual desprotegida, como a pessoa deve agir?
Nesses casos, inicialmente o indivíduo deve procurar o serviço de saúde ou centro de testagem e aconselhamento (CTA) para realização de exames sorológicos que são mandatórios. Após esse procedimento é iniciada a PEP que, nada mais é que uso de antirretroviral oral por 28 dias. O indivíduo deve realizar novos exames sorológicos após o término desse período.
Daniel Nacati
Assessor de Comunicação / Unimed Araxá
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