O ano começou com muitas comemorações para MAZ ASSOCIAÇÃO ARTÍSTICA em Varginha- MG, além do retorno das atividades presenciais depois de 2 anos funcionando somente virtualmente, a MAZ acaba de ser contemplada entre os 10 de 234 projetos para conseguir o apoio do Instituto Dona Nenem BRZ na construção da sede de seu Cine Club Cinemaz que estreia ainda este ano. Cineclube é um espaço democrático, político, sem fins lucrativos que contribui na formação de público, porque não só estimulam as pessoas a assistirem a obras audiovisuais, como também promovem rodas de discussões. As obras exibidas ainda colocam o espectador em contato com diferentes cinematografias, narrativas, estéticas e culturas.
Um espaço de construção coletiva que reúne apreciadores de cinema para exibição de filmes, estudos e debates, com o objetivo de formar e difundir a cultura cinematográfica, além de se contrapor a fatores como: a tendência dos exibidores de dedicar a maioria das salas aos grandes lançamentos comerciais; o preço dos ingressos, inacessível para pessoas de baixa renda; o fato de boa parte dos municípios não contarem com salas de cinema. Muitos cinéfilos e profissionais da área encontraram
nesses locais uma oportunidade para conhecer um pouco mais sobre o
processo criativo e para trocar experiências a respeito da sétima arte.
“Desde que as atividades cinematográficas da MAZ começaram, cursos, filmes, festivais, vimos que seria imprescindível investirmos em um cineclube, porque precisamos aguçar e apurar o olhar do público sul mineiro acostumados somente a filmes comerciais pelas poucas salas existentes na região. Se quisermos estabelecer confecções entre o cinema independente e o público, é urgente que este público comece a ter acesso a grandes e diversas cinematografias, com uma boa rodada de conversa ao final da exibição a fim de uma ilimitada interpretação da história contada na grande tela. Tudo isso gratuitamente. Um momento de diversão e reflexão a fim de construirmos juntos, após a experiência da exibição e da participação nos debates, públicos mais ativos e não apenas passivos como temos visto nas salas comerciais. Nosso objetivo é que o cinema abra novos pontos de vista, transforme comportamentos e levante pra discussão temas importantes para a construção de uma sociedade mais harmônica.” Relata Marina Azze Presidente da MAZ.
O cinema não chega a mais de 90% dos brasileiros, a distribuição audiovisual está segmentada em estratos muito diferenciados de consumo – em que a quase totalidade da população representa os excluídos, os proletários do processo de comunicação: apenas 8% dos municípios brasileiros têm alguma sala de cinema, menos de 10% da população “vão pelo menos uma vez por ano ao cinema”, 5% possuem tevê por assinatura, 10% conseguem acesso à internet… Reflexo dessa verdadeira ideologia que atribui ao público a mera função de objeto e consumidor de produtos audiovisuais, a ideia de formação de plateias que está presente em grande parte (não todas) das propostas e programas, públicos e privados, de promoção da circulação de filmes, encara o público como uma espécie de conclusão da criação e produção audiovisual. Face à indigência cultural nacional, à inexistência de um modelo econômico que sustente nossa produção cinematográfica – mantida praticamente apenas pelo subsídio público – a “formação de público” aparece como um paliativo para a exclusão sistêmica, um álibi para o fomento da produção a fundo perdido, para as centenas de filmes que praticamente não são exibidos.
Ainda que atenda a essa necessidade, justa aliás, do cinema brasileiro encontrar público, o cineclubismo não se limita nem se enquadra nessa visão. Muito mais que reunir plateia para qualquer produto, os cineclubes pretendem organizar o público para que opine, participe, decida sobre o cinema, sobre o audiovisual em geral, como sujeito principal do processo de comunicação.
“Fazemos cinema, fazemos festivais e cursos, mas nos faltava uma sede própria para que possamos exibir filmes históricos esquecidos pelas novas gerações, filmes atuais que não frequentam as salas comerciais e filmes curtos de diferentes linguagens que acabam circulando pouco em nosso estado devido a poucas sedes. O apoio do Instituto Dona Nenem BRZ em mais um projeto nosso (ano passado produzimos um festival internacional juntos) trouxe a certeza que nosso Cineclube deixará de ser um sonho e em poucos meses será nossa realidade. Um objetivo que alcançaremos juntos na busca de transformarmos Varginha num polo cinematográfico.” Relata Vitória Raciane- Vice Presidente da MAZ.
O cineclube é uma forma e uma instituição de organização do público, com vistas a assegurar a pluralidade e a democracia na circulação dos bens culturais, no acesso à informação, a cultura, ao conhecimento.
Quem cuidará da programação do Cinemaz são os cineastas Lucas Marques(fotoacima), Marcelo Silva e Vick Kings. “Estamos pensando em trazermos conteúdos essenciais para a compreensão da linguagem cinematográfica, grandes cineastas, filmes clássicos a contemporâneos, ficção, documentários, animação… O Cinemaz estreará com programações semanais além de abrigar futuramente festivais e cursos de cinema.” Descreve Lucas Marques.
“Nosso cineclube trará uma nova forma de assistir cinema. Um cinema outdoor, onde o público sentará no palco do teatro varanda da Associação, de frente para uma horta orgânica, onde as pessoas verão filmes que pintarão uma tela de quase 10 metros e terão a vivência de um som perfeito e limpo captado através do som de fones de ouvido wireless.” Descreve Marcelo Cesar.
E parece que não é só o Sul de MG e a MAZ que comemora a conquista da nova sede, o Instituto Dona Nenem BRZ: ” Um dos temas mais importantes que nos perguntamos é: Isso transforma ou pode transformar vidas e realidades de uma cidade ou comunidade? E esse projeto passa com louvor. Praticamente uma escola de cinema.” Descreve Nêm Campos- Presidente do IDN.