Já imaginou um sistema que permite, ao mesmo tempo, o cultivo de plantas e a criação de peixes? Conheça o sistema chamado Aquaponia e saiba como ele contribui para a redução do consumo de água
A aquaponia é uma técnica que permite, de forma integrada e colaborativa, a aquicultura convencional (criação de organismos aquáticos tais como peixes, lagostas e camarões) associada à hidroponia (cultivo de plantas em água), ocorrendo uma verdadeira simbiose entre as espécies.
Antigamente, antes mesmo de ser chamada de aquaponia, nossos ancestrais já se utilizavam de sistemas similares de integração de criação de organismos aquáticos com cultivo de plantas. As chinampas, como eram conhecidas as ilhas astecas de cultivo agrícola, utilizavam um sistema onde se cultivavam plantas em ilhas fixas (e às vezes móveis), construídas sob os lagos rasos. Outro exemplo de sistemas aquapônicos remotos são os do sul de China, Tailândia e Indonêsia, que cultivavam campos de arroz inundados em combinação com peixes.
Com o passar dos anos, a aquicultura foi passando de grandes lagoas escavadas para sistemas menores com recirculação de água. Ao maximizar a produção em menores espaços, os agricultores se depararam com o problema de lidar com os resíduos dos peixes, e começaram a analisar a capacidade de plantas aquáticas filtrarem esse água, levando aos sistemas atuais de aquaponia.
A água residual da aquicultura é rica em matéria orgânica (contém dejetos dos organismos e restos de ração), podendo causar problemas ao meio ambiente se descartada inadequadamente. No sistema de aquaponia, essa água residual é reaproveitada para o cultivo de plantas, que usam os nutrientes contidos nessa água para se alimentarem (com a ajuda de bactérias que fazem a decomposição da matéria orgânica) e ajudam assim na limpeza e na oxigenação das águas que, em seguida, retornam para os peixes.
No sistema hidroponico (cultivo de plantas em água) comum, os nutrientes que as plantas necessitam são obtidos em forma de sais (adquiridos em lojas especializadas). Com a aquaponia, os peixes disponibilizam dez dos 13 nutrientes essenciais para as plantas, faltando apenas cálcio, potássio e ferro. Isso permite uma redução de custos. Assim, os peixes alimentam as plantas, que devolvem a água limpa para os peixes, em um ciclo fechado, com baixo consumo de água e energia elétrica.
Funcionamento do sistema
O sistema consiste em duas partes: a parte da aquicultura (criação de organismos aquáticos) e a parte hidropônica (cultivo de plantas). A água residual do sistema de aquicultura circula (com a ajuda de uma bomba ou por drenagem) para o sistema hidropônico, e vice-versa. Embora consista primariamente dessas duas partes, os sistemas aquapônicos são também agrupados em outros componentes ou subsistemas, que podem auxiliar na eficiência do processo.
Esses modelos de sistemas aquapônicos que podem ser utilizados em apartamentos e casas, para os moradores das grandes cidades. Há sistemas maiores para os produtores e moradores da área rural.
Redução no consumo de água
A agricultura é a atividade humana com maior consumo de água, sendo a irrigação responsável por 72% do consumo de água no Brasil . Assim o reaproveitamento da mesma se torna primordial para reduzir seu consumo. A aquaponia recircula a água de um sistema de criação de pescado para um sistema de cultivo de vegetais, reduzindo a demanda por água novo a esse sistema de cultivo.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), a aquaponia pode economizar até 90% de água em relação a agricultura convencional.
Opção para a área urbana e para a área rural
Em apartamentos, um pequeno sistema de aguaponia pode ser implementado na varanda do seu apartamento ou no jardim de uma casa, permitindo a plantação de ervas junto de pequenos peixes, trazendo um pouco de atividade da hidroponia e aquicultura para o seu dia a dia, além de alimentos frescos e orgânicos para a sua residência. Veja na imagem abaixo um exemplo deste sistema.
Imagem: fluxusdesignecologico
Para a zona rural há sistemas maiores com maior capacidade produtiva. Nesse sistema, podem ser criados mais organismos aquáticos e vegetais (como verduras e legumes).
Na Alemanha, uma fazenda urbana com uma estufa de 1,8 mil metros quadrados irá produzir anualmente cerca de 35 toneladas de verduras e legumes e 25 toneladas de peixe. O projeto, chamado de Inapro high-tech, reúne 18 parceiros de oito países e é baseado no Instituto Leibniz de Ecologia de Água Doce e Pesca Interior (IGB) de Berlim.
Fontes: http://www.ecycle.com.br