Estamos morando em um estacionamento de motorhomes, em algum lugar, em algum parque. Ao nosso lado mora uma família em um grande motorhome, bonito, uma casa construída no chassi de um ônibus. Posso ver pela minha janela a sala de estar, a dinete aberta (para quem não conhece, a dinete é a sala de estar/jantar do motorhome que fica contígua à cozinha. É possível expandi-la para a lateral do carro, ampliando o espaço da casa). À mesa está a família, um casal e dois meninos, de mais ou menos 8 e 12 anos e um cachorro. Aliás, um pet, dito assim já é possível saber que se trata de um desses cães que, eu acho, têm cruza com gente pois fazem parte da família, usam roupa, têm cama junto aos demais, fazem todos os programas familiares, revisão médica e, certamente, tem uma vida muito parecida com a dos seus irmãos humanos. Aliás, uma vida mais confortável que a maioria dos humanos.
Os meninos rindo e falando alto, certamente fazendo sacanagem um com o outro. Melhor assim porque logo depois mergulham nos seus celulares, assim como estão o pai e a mãe. Soube mais tarde que decidiram pela vida nômade depois que tiveram uma grande perda: o filho mais velho morreu vítima de um assalto, na saída de uma balada, lá na cidade deles. Parece que estão em luto eterno e a vida na estrada ajuda a todos a encherem o coração e a cabeça com novos encontros, novos afetos, novas paisagens, enfim, novos cenários. O filho perdido, o irmão, viaja com eles nos seus corações. A família se mantem financeiramente pela participação em um pequeno negócio que ficou sob a responsabilidade de um parente. Ao visitar o motorhome vizinho vejo livros e cadernos na pequena mesa. Fico sabendo que os meninos estão fazendo homeschooling e neste ponto sinto por eles.
Como professora, sou apaixonada por educação. Estudei didática, metodologia de ensino, me especializei em formação de pessoas. Atuei toda vida em ensino médio profissional, graduação e pós-graduação, mas me encantam todos os níveis do ensino formal. A escola é o ambiente das relações, da diversidade, da dúvida e da crítica constante. É na escola que a gente aprende com o outro, sobre o outro e sobre o mundo. A educação da família jamais pode substituir a técnica pedagógica e o ambiente escolar. O papel dos pais é acompanhar, ajudar, integrar-se com a escola para que seus filhos se desenvolvam o mais saudáveis e plenos possível. Cada um no seu lugar, cada um na sua. Professor não é pai, professora não é tia. Pobres das crianças do Motorhome ao lado, só se relacionando com os vizinhos “escolhidos” por seus pais, muito provavelmente, seus iguais. Sem a escola, terão que alcançar de outras formas o amadurecimento que só se dá nas relações, nas contradições do convívio com as diferenças. É possível existir uma escola que proporcione isso. Eu conheci uma, numa pequena cidade do interior, onde era a única instituição de ensino. Uma enorme escola, da educação infantil ao ensino médio, escola pública municipal, onde estudavam todas as crianças e jovens da cidade: os ricos, os pobres, os patrões, os empregados, os brancos e os pretos, as crianças com deficiência. O conselho escolar era ativo, todo mundo tinha participação nas decisões e atividades da escola. Muitas vezes o quebra-pau era geral nas assembleias. Ensino pleno, educação viva! Os pequenos vizinhos do Motorhome ao lado estão privados disso por ora. Sinto pena deles, estão alijados desse nobre processo social, o da educação escolar! E na escola!














Um tema sempre em debate!
Verdade!
Bom dia uma linda história aproveitando se um dia precisar de baterias de litio para sua motorhome e só me ligar 51982195707
Obrigado,
Bom saber que temos opção por perto.
Todo início de semana tem crônica nova neste espaço.
Boa tarde. Em escolas estruturadas, com profissionais na área da educação sim, faz falta. Agora na sua grande maioria, infelizmente, nao é assim. Escolas das extremidades, tem mais drogas que nas ruas, alunos nao respeitam os professores. Entao, dito isso, a escola presencial faz falta em certos casos, mas dá pra ensinar a distância. Principalmente com pais que tem disciplina. Crianças precisam de amor, de relações sociais saudáveis, ambientes que tenham um mínimo de segurança, nao é a realidade das escolas do Brasil.
Pois é…Temos que melhorar a qualidade das escolas!
Obrigada pelo comentário!
E pela dica!
Educação tem o poder de transformar
Que crônica maravilhosa e formidável
Educação da família e ensino formal da escola juntos e integrados! É isso, eu acho…
Conheci uma vez um casal que tinha a filha em homescholling…um belo dia a jovem disse que queria ir pra escola de verdade. É certo que isso vai acontecer com todos que estão iniciando a vida escolar nessa novidade do nosso mundo novo.
Nós tínhamos nosso pet, era sim um filho para nós e realmente tinha tratamento vip. Há três anos ele partiu e deixou um enorme vazio na nossa casa sobre rodas, na rotina, nos passeios, em casa parada onde era o primeiro a descer , feliz em explorar tudo, fazer festa nos novos vizinhos…
A escola formal faz falta, eu acho!
Pets quase humanos!
Obrigada pelo comentário!
Oi, é difícil imaginar crianças estudando à distância, perdem o convívio, mas tem o lado da experiência fora da escola .
Uma hora eles terão de ir à escola , seja no ensino médio ou na faculdade ou mesmo numa escola técnica
Eu não teria coragem de fazer isso com meus filhos, é difícil imaginar crianças estudando à distância, perdem o convívio, mas tem o lado da experiência fora da escola .
Uma hora eles terão de ir à escola , seja no ensino médio ou na faculdade ou mesmo numa escola técnica
Com certeza fará falta! É o que penso…
O que vcs tem que vê, é o tipo de criação, pois nesse estilo de vida a criança aprende a distância é aprende muito mais por viver várias culturas , digo viver isso mesmo e não apenas estudar sobre isso e sim viver , vai dos pais saber educar pois eles podem fazer a América do sul inteira é assim aprender outros idiomas na prática, na Argentina por exemplo temos ainda vários fortes da época da guerra para se visitar é aprender sobre história é tbm no brasil claro e em geral é América do sul é algo que está fácil acesso para quem vive nas estradas e para quem tem mais condições financeiras podem até sair para outros pais aumentando ainda mais o conhecimento, é sim as crianças podem ter uma vida normal e cheia de amizades por onde passarem..
A vida viajante sem dúvida gera um grande universo de aprendizagem! A família nômade Sete Mares Travel , por exemplo, desenvolve uma proposta pedagógica muito interessante com seus filhos juntamente com a escola on line! Porém não foi o que vi ” no Motorhome ao lado “, situação que gerou esta crônica! Obrigada pelo comentário!
Concordo com a cronica o homescholing cerceia os estudantes do contato presencial e da troca de experiências entre docente aluno e aluno aluno.
O segundo caso apresentado acredito que promova não só a educação integral, ma também um exercicio de sociedade.
Quem é professor sabe né?❤️
Se eu pudesse estaria sempre viajando como faz a Maria Elida. Com seus filhos ja formados.
Acho que jamais tiraria os meus filhos da escola do convívio com outras pessoas isso faz a diferença.
Penso assim também!
Que bom que estás conosco também aqui no Exempplar!
Muito interessante, muitas reflexões bacanas, minha alma viajou.bjs.❤️
Texto interessante, traz aspectos do cotidiano que podem instigar boas reflexões: relação com pets; a forma com que cada pessoa ou família enfrenta seus lutos e como isto pode interferir na vida de outros. Excelente incursão sobre o tema Escola – Relações Sociais – Educação.
Obrigada pela leitura atenta!
Concordo plenamente! A interação social é inerente ao ser humano e a escola presencial faz parte desse processo. Parabéns pelo texto reflexivo.
É o que penso!
Obrigada!
A viagem já é uma escola. Muito bom Élida.
Tudo se complementa!
E vamojuntooooo aqui no Exempplar também!
Bom dia! Elida, aparece o nome da Alessandra, é que o celular era dela, bjs ❤️
Ok.Siga conosco também aqui no Exempplar ❣️
Interessante esta história, nos faz refletir sobre as escolhas que fazemos e como elas interferem na vida de quem amamos. Longe de qualquer julgamento, espero que a família tenha novas oportunidades e ressignifique a dor implacável de perder um filho tão cedo, se é que é possível.
Tomara!
Sigamos…
Muito boa a percepção e a diferença de opinião. Com certeza perdem o convívio com crianças das idades deles, e ganham experiências diferentes, mas esse momento de dividirem as vidas com outras crianças fará falta… Mas é isso que faz as vidas serem diferentes, as diversas formas de vivermos! Adoro as crônicas! Abraços de um vizinho da casa grande! Hehehe
Obrigada querido!
Muito bom tê-lo conosco aqui no Exempplar!
Tema presente no cotidiano atual e que merece muitas reflexões….
Muitas reflexões!
Bela crônica, Maria Élida! A situação extremamente dura de perda de um filho e de luto levou à decisão dos pais dos meninos sairem pelo mundo em motorhome e isto exigiu escolhas que imagino, nem sempre muito fáceis como o homeschooling. Oxalá seja uma situação passageira. Os meninos, sem dúvida, estão perdendo a oportunidade de viverem a vida de escola, na sua verdadeira expressão: o contato com os professores e colegas, as interações e os desafios, tão importantes na formação cidadã está escapando, neste momento. Já em referência ao pet me ocorreu que pode estar havendo, inconscientemente, uma relação de transferência, mas neste aspecto realmente não me atrevo a opinar. Abraço afetuoso!
Obrigada pela leitura atenta, Rosa!
Bom tê-lá aqui no Exempplar!
O erro, me perdoe é morar num parque público, ter motor home é para conhecer lugares e não fincar estacas num local público e gratuito, pois isso gera prejuízo aos que precisam pontos de apoio as viagens.
Muitos locais estão sendo fechados por esse motivo, pessoas se instalando em local público, não pagam água, energia, como se alguém não terá de pagar.
Sou a favor de utilizar esses espaços públicos, mas com consciência, no máximo 3 a 5 dias e partir para outro destino.
Por este motivo perdemos um belíssimo espaço em SC no parque da Malwee, e muitos municípios estão proibindo nossa entrada ou cobrando taxas altíssimas de permanência.
Vivenciamos isso no cotidiano! Quem é nômade entende…
Obrigada pelo comentário!
Nada substitui o olho a olho…A relação…a diferença…o entendimento a partir disso…ou seja…a vida real
A vida nômade acrescenta…não substitui! Abraço, amigo!
É isso!
Mais um maravilhoso texto da querida Élida. Quanto ao homeschooling, a oportunidade que os jovens/crianças estão tendo, da aprendizagem através das viagens, nenhum livro proporciona (sem querer desmerecer o ensino tradicional, apenas tentando enxergar o lado cheio do copo).
Como tudo na vida…pros e contras!❤️
Concordo com está visão, temos motorhome, e o aprendizado na estrada transforma, crianças, adultos, pets, a família assim como nós estamos vivenciando um luto, e a estrada renova. E as crianças terão uma experiência de conviver com um mundo de quem vive não se arrepende, e ensino médio e faculdade, qdo chegar o momento terão muitas histórias vividas pra contar e tirar 1 ou 2 anos sabaticos, só vai agregar qualidade de vida, e claro não viver num estacionamento público como fosse seu quintal como muitos fazem, e estrada é cara, não é pra todos. Porque na vida seja bom ou ruim…tudo passa
A vida nômade é um universo de aprendizagem, sem dúvida!
Nos TB curtimos motorhome, temos o nosso e realmente e maravilhoso explorar lugares conhecer pessoas e culturas. Qto ao ensino homescooling, e ótimo pois hj na escola está muito baixo o nível de ensino, sem contar a militância dos professores tentando desviar a educação e caráter passado pelos pais.
Educação da família e ensino escolar são complementares e ambos insubstituíveis! É o que penso…é um tema que provoca muito debate!
Obrigada pelo comentário…
Nada é para sempre, essa família encontrou assim uma forma de recomeçar. Eles podem voltar para escola daqui a um ou dois anos, e os pais precisam pensar que isso será importante para eles. Apesar de estarem longe de amigos do cotidiano escolar eles estão aprendendo muito também, a ver o mundo sobre nova ótica, que é praticamente impossível para maioria das crianças, além de experiências que ficarão para toda a vida. Já pensou em todo esse tempo junto aos pais, certamente isso era diferente antes, então com certeza eles estão curtindo a experiência. Quem dera se todas as crianças pudessem viver um pouco disso com quem ama. Porém, a vida estudantil no ambiente escolar não pode ser ignorada, por isso espero que os pais depôs deste tempo para reencontro, pense na importância disso para seus filhos também .
Obrigada pelo comentário! Bom tê-lo aqui no Exempplar!
É um sonho que tenho,ter um homem e juntamente com minha esposa , meus 09 pets,conhecermos outras culturas,paisagens e pessoas com o mesmo pensamento,aproveitar as belezas que Jeová Deus criou com tanto amor para nós usufruírmos. Quanto aos pets, são meus filhos ,quanto a escola física presencio quase que diariamente os acontecimentos tanto nas públicas quanto particulares. Opinião minha , quando for a hora apropriada as crianças vão se posicionar.
Obrigada pelo comentário. Bom tê-lo aqui no Exempplar.
Obs. Na digitação saiu homem,o correto é Home.
Oportuna a correção! Kkkk
Escola é o mundo. Tem o amigo com quem se briga, tem a primeira paixão, aprende-se coisas importantíssimas, como a maneira de amarrar sapatos. Aprende-se convivência, compartilhamento, auxilio e consolo mútuo. Pai nao é professor, professora nao é tia. Perfeito Élida.
Estamos juntos nessa ideia também, amigo!
Que bom tê-lo aqui no Exempplar!
Eu respeito os pais que escolhem o homeschooling, mas não os entendo, porque não privaria meu filho daquilo que meus pais não me negaram: a oportunidade de conviver no ambiente escolar, rico em diversidade, em interações humanas e suas nuances, o que forja o exercício da tolerância e da compreensão de que as diferenças existem e devem ser respeitadas.
Parabéns, Maria Élida!Teu texto nos faz refletir sobre a importância de oferecer aos nossos filhos aquilo que nossos pais nos deram. Nesse caso, não são bens materiais, são oportunidades de crescimento através das relações pessoais.
Beijos, querida vizinha!
Nossas memórias da infância certamente incluem o convívio na escola. Obrigada pela reflexão,querida!