Stefan Salej
Na semana passada, foi comemorado o Dia de Portugal no mundo inteiro e, em especial, no Brasil, onde as comemorações no Rio e São Paulo foram prestigiadas pelo Presidente e Primeiro Ministro, além de numerosa comitiva daquele país. Em Belo Horizonte, mais de 20 mil pessoas participaram da festa cultural e culinária. E assim foi pelo Brasil afora, uma homenagem não aos descobridores e colonizadores do Brasil, mas aos imigrantes portugueses que vieram ajudar construir este país chamado Brasil. E Portugal que no século passado ainda foi uma potência colonial (não nos esquecemos de Goa na Índia, Macau na Chinas e das “províncias ultra marinas” na África, como Moçambique, Angola, Cabo Verde e São Tome Príncipe) e um regime ditatorial aliado ao fascismo europeu, conseguiu com Revolução dos Cravos fazer umas transição para a social-democracia cujo caminho passou até pelo sequestros de navios (Santa Maria) e a tomada do poder pelo Partido Comunista Europeu. A inserção de Portugal na Europa do século 21 não foi fácil e nem rápida e ainda continua na sua luta para ser um país mais justo e desenvolvido.
Mas, isso não impede os portugueses, nas melhores tradições de seus navegadores, continuamente procurarem exercer seu papel na política internacional. Por iniciativa do então Ministro da Cultura do Brasil, ilustre Jose Aparecido de Oliveira, foi criada a associação dos países de língua portuguesa, uma organização que hoje atua também fortemente na área política e, em especial, econômica. Os portugueses, com crise ou não, continuam investindo no Brasil com uma ousadia incrível e ao mesmo tempo hoje em dia oferecem facilidades para os brasileiros se instalarem lá, inclusive com cidadania portuguesa, sonho de muitos deles. Os episódios da guerra de dentistas, quando houve um boicote aos profissionais brasileiros, de uma forma injusta, são passado e hoje a cooperação está em outro nível, inclusive com a cereja no bolo das relações entre os dois países, a inauguração da escola portuguesa em São Paulo juntando-se às escolas americanas, britânicas, italianas, alemães, francesas e outras.
O Brasil que nestes dias, de forma pouco percebida, editou a nova lei de migração, é um país de imigrantes. As pessoas que vêm são brasileiros que não esquecem suas raízes e cultivam as culturas de origem. Mas, também somos um país que lamentavelmente está perdendo talentos, cérebros e jovens trabalhadores e empreendedores o para exterior. A volatilidade econômica e política, a falta de emprego e de oportunidades estão levando de forma preocupante os jovens para exterior. Hoje tem mais gente saindo do Brasil, gente de talento, do que gente chegando ao Brasil. E esta reflexão não deixa de existir nas hora da festa e da alegria portuguesa.
STEFAN SALEJ, consultor empresarial, foi presidente do Sebrae MG e da Federação das Indústrias de Minas Gerais