Queria ser como o beija – flor que vive pelo mundo a vagar, com tantas flores a beijar.
Queria não ser humano, para não viver no desengano. Não sentir a revolta que há na terra, onde os homens só pensam em guerra.
Vivem em desunião sempre maltratando seu irmão, a quem deviam ajudar. Não dão a mão sempre em confusão, querendo lhe empurrar para o mal, produzindo armas e distribuindo ao mundo para matar seu semelhante.
Queria ser como o beija – flor, para transportar mais amor, poder contemplar a natureza, viver de flor em flor, buscando seu alimento.
Não quero pensar que um dia irei sentir em meu peito a agonia de destratar alguém.
Queria estar sempre voando, observando a paisagem, me encantando com a natureza, pensando em meu semelhante como uma semente que irei plantar. E que dela nascerá uma nova planta que irá florir na primavera e depois trazer alimentos para nossa fome saciar.
De Jorge Matildes da Silva
do livro Um homem apaixonado – Em prosa e verso.
Belíssimo texto poético.
Parabéns Jorge Matildes da Silva.