O 1º Festival de Balonismo em Araxá certamente encheu os olhos de muita gente com seu visual colorido e instigante. Mas para nós, ele deixou mais que isso, deixou a lembrança de um sonho inesquecível quando pela primeira vez embarcamos em um balão para sobrevoar a cidade. As emoções começaram logo no estádio Fausto Alvim quando dos preparativos dos balões para a decolagem espetáculo este que pode ser conferido hoje e amanhã ainda por voltas das 15.30. A mistura de cores das lonas tomando forma, o barulho da injeção do fogo para os preparativos e um céu azul que contribuiu para emoldurar o cenário deram um toque todo especial ao começo de nossa viagem.
O balonista que nos conduziria na empreitada Lupércio Lima nos foi apresentado nos últimos instantes antes da subida, sem formalidades sem cerimônias e sem mimis. Mal sabíamos que alí estava começando não só uma viagem inovadora, mas experiências inovadoras de um grande aprendizado sobre o assunto. A leveza com que a viagem em um balão se desenrola é algo inexplicável, e se você se deixar envolver não vai nem se lembrar que está nas alturas. Nem mesmo do que o nosso amigo Flamarion Barreto havia dito nas entrevistas. …o voo livre tem apenas o ponto de saída determinado, o ponto de chegada é “SDS”, só Deus sabe onde.
Alí, naquela tranquilidade vivida, com uma vista maravilhosa que se descortina a ultima coisa que vai se lembrar é de onde vai descer. O sistema é bem complexo e depende de muitos conhecimentos do operador e de muitos fatores do Criador, mudança de vento, temperaturas, correntes inesperadas ou térmicas como eles dizem. Talvez por isso o respeito e a adoração pela natureza que existe neste seleto grupo de balconista seja tão acentuado. Procuramos não dar o mínimo trabalho ao nosso condutor mas por força da profissão, não nos contínhamos em entrevista –lo e saber mais sobre essa paixão pelo balonismo. Essa parte nosso leitor irá conhecer em matéria assinada por nós com exclusividade para o Jornal Interação que se dedica ao esporte de forma diferenciada e por ser nosso parceiro merece falar melhor sobre o assunto.
Aqui discorreremos somente sobre nossa viagem, que nos apresentava emoções a cada segundo. As vezes em busca de correntes favoráveis o balão executa voos rasantes que nos da a sensação de que irá pousar em algum telhado abaixo a qualquer momento. As pessoas lá em baixo nem se assustam com estas manobras. Ao contrário, se posicionam nos lugares mais inusitados de celular na mão registrando tudo empolgadas. Acenam felizes e são retribuídas pelo balconista de forma alegre e agradecida. Poderíamos ficar horas descrevendo sentimentos, mas nos atentaremos à parte da aterrissagem e nesta hora entendemos bem a expressão “SDS” do amigo Flamarion. Tudo planejado para descer em um ponto antecipadamente suposto como definido. Aí eis que surge uma térmica inesperada que coloca vários balões das imediações rodando em círculos sem a menor chance de descer. Talvez um lembrete de Deus de sobre quem está no controle, ou quem sabe uma gaiatice de algum Deus do Olimpo para tirar a equipe de resgate da zona de conforto e se preparar para sair correndo atrás de seu balão alvo.
Finalmente a descida tão temida, mas que de susto não teve nada. Foi leve, suave tão suave quanto nossa subida. Mas a esta altura não estávamos mais tão ingênuos sobre o assunto. Já tínhamos uma leve nossa da capacidade do nosso condutor. Nada mais nada menos que Lupércio Lima, campeão nacional e mundial e com uma linda história de vida cujos detalhes vamos contar na reportagem do Interação. Mas nossa viagem não havia chegado ao fim.
Agora sim, iríamos conhecer os bastidores do balonismo que pouca gente percebe diante da leveza que ele se mostra ao público. Como complemento primordial existe a atuação responsável, organizada e monitorada de uma equipe que tem de conhecer muito do assunto para não deixar seu parceiro perdido em algum lugar.Pois é ela que monitora o tempo todo a viagem em sintonia com o balconista, que procura chegar o mais rápido possível, que faz a coisa certa, vai na sede das fazendas antes para explicar e pedir permissão pra entrar e resolver qualquer empecilho que tenha havido.E nessa parte nosso amigo Lupércio é verdadeiramente um privilegiado por Deus. Sua equipe é literalmente sua família. Esposa e dois filhos e diga-se de passagem jovens raros para os dias de hoje, tratando os pais com respeito e carinho o tempo todo sem perder o foco no trabalho pesado ( de verdade) que é recolher o balão depois do voo. E neste momento não puderam contar com nenhuma ajuda de seu passageiro que depois do infarto ficou bastante limitado para pesos pesados como aqueles. Mas a força do trabalho aliada à experiência de todos facilitou bem o serviço.
Ao final de tudo um tributo inesperado que nos emocionou muito e nos deixou imensamente feliz por corresponder com nossos princípios místicos. Um ritual de agradecimento aos elementais da natureza: água, fogo, terra e ar. Estava selado alí, um pacto de amizade e um momento especial que não esquecerei jamais. Como que em uma resposta de aprovação do Universo a tudo o que acontecera al´, bem à nossa frente uma lua cheia começou a subir lentamente e iluminou nossa saída da fazenda onde havíamos descido. Esta viagem inesquecível, nos deu uma visão ampliada de um mundo do qual nada conhecíamos, mas que nos cativou muito pela forma correta e afinada com os princípios naturais da existência. A partir daqui falaremos mais sobre o assunto e através do Flamarion Barreto presidente da FBEMG – Federação de Balonismo do Estado de Minas Gerais, parabenizamos a toda a classe de balonistas do País por esta filosofia de vida tão especial.
E parabenizamos também à Prefeitura Municipal de Araxá que através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico Inovação e Turismo propiciou à cidade a realização de um espetáculo que sem dúvida, merece fazer parte do calendário permanente de grandes eventos de Araxá.
Domingos Antunes Guimarães especial para o Jornal Exempplar on line.
Que viagem! Matérias assim fazem falta, precisamos colorir nossos céus com esse tipo de história. Uma aventura, imagino a vista dos campos lá de cima. Maravilha e emoção.