Um artigo nosso sobre um grave problema de saúde que tivemos recentemente, publicado com exclusividade pelo Jornal Interação ( que reproduzimos aqui abaixo) trouxe em sua chamada a primeira ilustração de um artista que nasce para brilhar no meio jornalístico e publicitário de Araxá e acreditamos nós, para muito além destas fronteiras.
Leo Calix, um amigo de muitos anos, cuja competência em tudo em que se aventura é realizado com perfeccionismo extremo muita dedicação e competência. A paixão de Leo por essa nova fase de sua vida com certeza irá dar a ele a possibilidade de atingir patamares muito maiores do que aqueles conquistados nas escaladas das montanhas, voos de paraglider e outras modalidades.
Desta vez, a perícia de Leo, se volta para um talento de muitos anos de experiência com verdadeiras obras de arte em próteses dentárias e cuja firmeza das mãos lhe deram a certeza de lutar por algo de maior abrangência para expandir e testar seus limites dentro de um horizonte maior e mais promissor que tenha mais sintonia com seu talento e sua capacidade ilimitada de extravasar suas ideias a cada desenho realizado dentro do universo de jornais livros, revistas e peças publicitárias.
Sentimo-nos honrados pelo trabalho desenvolvido para ilustrar nossa matéria e mais ainda por sermos os primeiros a apresentar esse artista dentro desta nova perspectiva, com a certeza de que este “start” que se inicia agora é o primeiro de muitos e muitos outros que ainda virão. Guardem bem o nome, Leo Calix veio para inserir de vez a sua marca no campo das ilustrações, cartoons, charges e fotografias especiais.
D. A Guimarães. Jornalista – publicitário e escritor.
O SUS o SUSTO e o SUCESSO.
Quinta feira dia 22 de julho de 2021. Amanheci em um dia normal, diria até bem mais disposto que os outros. Vários compromissos a ser cumpridos no decorrer do dia. As 11.30 voltando para a casa ao tentar tomar um ônibus, senti uma leve dor ao subir, imediatamente ignorada por mim. Almocei normalmente e exatamente as 12.30 comecei a sentir fortes dores no peito que desta vez pela intensidade não puderam ser desprezadas. Pedi socorro imediato ao amigo Maurício, interrompendo seu almoço para que me levasse à UPA, primeiro portal de entrada para detectar o mal que me afligia. A preocupação começava a tomar minha mente só de pensar nas dificuldades de filas, cadastros e exigências para se começar a ser examinado mas preferi não aumentar os males que me afligia, e acreditar que tudo se resolveria e que no mais tardar no final da tarde já estaria de volta ao meu ritmo normal. Para minha surpresa tudo foi se desenrolando numa boa sincronia de etapas desde a portaria onde fui prontamente atendido, passando pela triagem e imediatamente encaminhado à médica que de imediato me encaminhou para um eletrocardiograma depois a uma sala de medicamentos onde a dor continuou resistindo a cada remédio aplicado enquanto as buscas prosseguiam buscando confirmar um possível caso cardiológico, o que percebi logo, iria demorar muito ainda.
Uma viagem inesperada com grandes lições no trajeto.
PRONTO começava minha viagem por dentro da UPA de Araxá e de uma forma tão pessoal que nem meu calejado “faro” de repórter com mais de 55 anos de profissão não haviam imaginado fazer. Aprendi ao longo dos anos que a melhor forma de enfrentar os maiores imprevistos mesmo nos riscos de morte é com a leveza da vida. Assim, apesar da dor aguda que sentia, passei a observar à minha volta e perceber que não era só eu a sofrer ali. Cada caso era um caso, mas nenhum menos importante para quem vivia o problema. O que dava a cada um o direito de se achar mais inconformado mais impaciente e mais exigente com respostas que pela própria natureza dos processos ninguém sabia dar. – A que horas sai meu resultado? -Porque até agora não vieram me ver? – Cheguei a muito mais tempo que o outro ele já foi atendido e eu continuo aqui abandonado? Essas foram algumas frases que ouvi e que em minha opinião apenas dificultam mais ainda o trabalho dos que estão alí em um corre corre sem fim para tentar cumprir seu trabalho e acabam sendo o para raio de tantos reflexos nervosos e negativos. Alem é claro de desarmonizar o ambiente. A dor continuava forte, mas não podia fazer muito mais do que já estava em andamento. A não ser ampliar meu olhar sob o ambiente enxergando além do que via. Uma forma de disfarçar minha dor e entender melhor o ser humano. Foi então que ví ou ouvi, pessoas falando mal do sistema de atendimento, paciente de lugares distantes sendo atendido e no entanto fazendo de tudo para burlar a aplicação do remédio contrariando o conselho da enfermeira que a dose tinha de ser ministrada devagar. Pessoas batendo o pé que iriam embora antes do final do atendimento por não aceitarem a espera demorada e mil outras reclamações, algumas até bem embasadas mas todas sem um mínimo do pensar coletivo sempre com o espírito do eu sozinho. As horas foram passando e com a dor ainda sem controle pernoitei internado na UPA por mais um dia. Coisa que até então nem sabia que havia ali. Já chegara ha mais de 24 horas no local. Toda a equipe de profissionais já se revezara para o trabalho e as portas não se fecharam nem por um minuto. Imaginei quantos com CONVID já teriam chegado até aquela hora, quantos com uma dor igual à minha já estariam dando entrada no seu caso lá no final da fila? Ao cair da tarde de sexta feira os resultados dos exames e um novo susto. Meu caso era um IAM, sussurrado levemente entre os profissionais de saúde com místico de medo, piedade e interrogação. Nem tive tempo de pensar sobre a sigla (IAM), uma absoluta novidade para mim. É que pouco depois de ouvi – la pronunciada umas 5 vezes já estava a bordo de uma ambulância a caminho do Hospital Regional Dom Bosco onde a primeira informação era de que através de um convênio com o SUS estava sendo transferido para um quarto de lá. Só que ao chegar lá, sem mudar de maca e sem descer no chão fui direto para a UTI. Agora sim mais uma carga de preocupação ao meu cérebro já superlotado de incógnitas, mas não precisava ser nenhum gênio para entender que algo grave me acontecera. E UTI do Hospital era um trajeto da viagem que não estava no meu roteiro. Naquele momento mesmo para mim com uma dosagem extra de equilíbrio e calma houve um segundo de ansiedade e uma dose maior de pessimismo. Tão logo fui transferido para o box certo dentro da UTI uma equipe de profissionais ágeis e experientes começaram a me equipar o peito braço e dedo com equipamentos de monitoramento geral. Todos cordiais, de olhares acolhedores a pedir permissão para cada movimento com certeza para me deixar mais calmo possível. E entre esses profissionais, pela primeira vez me deparei com o Dr. Elton cardiologista escalado para acompanhar o meu caso e de muitos outros ali naquele plantão e dele pela primeira vez ouvi a definição do IAM.
INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO… Dito e explicado, por ele parecia soar como nome de música, frase de efeito, coisa simples. Mas o lado pessimista de meu cérebro teimava em transformar o tema em algo mais trágico e terrível como FIM DA LINHA para todos os meus planos feitos até alí. Pensei nas filhas que amo tanto, no meu neto TEO que nem tive o tempo de conviver direito, na minha netinha LIS que já está a caminho pra os próximos dias. Em quatro livros em andamento e tantas outras coisas que a gente sempre pensa quando percebe que não há mais tempo para pensar. Mas a conversa sincera, aberta e amiga do Dr. Elton me fez recobrar meu equilíbrio e a minha percepção maior de que morte e vida caminham sempre juntas ( aliás tema de meu próximo livro), na mesma serenidade com que ele me transmitiu a situação apenas lhe respondi que aquele seria o meu grande laboratório e que ele cuidasse para que eu pudesse inserir tudo no meu novo livro. Ele sorriu divertidamente e disse, no momento nosso propósito aqui é só tirar a dor que te incomoda, depois a gente vai caminhando, mas fica tranquilo que tudo vai dar certo. E a movimentação prosseguiu noite a dentro com ida e vinda constante de um batalhão de verdadeiros “anjos da saúde” travestidos de enfermeiras, técnicos, pessoal de limpeza, rouparia, controle de nutrição cada um com uma serenidade maior do que outro ao nos dirigir para qualquer intervenção e mesmo assim muitas vezes criticados como se deles fosse a culpa de nossos males, da nossa falta de mais controle e prevenção sobre nossos hábitos. Muitas vezes a dor momentânea que sentimos nos impede de ver que alí estão pessoas sensíveis como nós, com sonhos e planos como nós com os mesmos problemas, saudade dos filhos, problemas financeiros, sonho da moradia e que para nos atender profissionalmente em nossas fragilidades colocam tudo isso de lado e apresentam para nós seu melhor sorriso, seu maior limite de paciência e sua maior parcela de atenção e carinho. Claro que existem exceções, mas onde elas não existem? O que não se pode é nivelar um trabalho tão lindo e tão eficiente e tão extraordinário por pequenas falhas eventuais.
Sabado à tarde dia 24 de julho agora totalmente sem dor sou transferido para o quarto para dois dias especiais com direito a relaxamento sem fios e conexões e a companhia das filhas em revezamento.
Domingo dia 25 de julho 23:00h Início de um jejum de 12hs que antecederia o cateterismo previsto para meio dia da segunda feira. Para nós diabéticos o simples jejum já assusta ainda mais completo, alimentação e água. Mal sabíamos que tudo estava apenas começando. Por motivos alheios à vontade de todos o prazo se estendeu muito além e quando adentramos a sala de intervenção o relógio marcava 17.30 de uma loooonnga espera e de uma parte da viagem totalmente nova e até então para nós assustadora.
Mais uma vez a receptividade descontraída e profissional, dos médicos Achiles e Guilherme, a confiança transmitida no olhar e o sorriso mesmo escondido pela máscara nos fez encarar mais uma vez a coragem e a determinação de quem com certeza não estava passando dessa para melhor e sim para uma nova aventura rumo à vida. Alí não eramos mais o repórter eramos o entrevistado totalmente hipnotizado pelo profissional que enquanto conversava conosco sobre nosso trabalho de escritor, ia tecendo intervenções diretamente em nosso coração através da perícia e do talento sincronizado dos dois profissionais que nessa quase brincadeira/séria de lidar com a vida e a morte realizaram angioplastia, implantaram 4 stents e nos devolveram a chance da vida de uma forma tão suave e leve como jamais poderíamos imaginar.. Estavamos chegando ao fim da viagem. Mais uma noite na UTI, mais uma escala para uma enfermaria e enfim a alta tão esperada. Não saímos só curados da viagem, saímos enriquecidos com o aprendizado e com as amizades conseguidas ao longo do caminho. Saimos felizes por saber que tudo isso aconteceu em Araxá nossa terra natal e que tanto amamos e que conta com uma equipe tão competente entrelaçada entre o poder público e privado, através da UPA, do Hospital Dom Bosco grande patrimônio da cidade e do SUS, muitas vezes tão criticado e que em nosso caso real nos proporcionaram um momento ÚNICO realmente inesquecível em nossa vida. Fizemos questão da publicação deste artigo no calor de nossa emoção para que ele saísse fiel à nossa energia. Por isso ele foi feito menos de 24 horas após nossa alta É um agradecimento aos amigos que fizemos nesta jornada. médicos diversos, pacientes de convívio, enfermeiras, arrumadeiras, nutricionistas, preparadoras da comida, profissionais da limpeza setores burocráticos todos que emprestam sua espertice dentro da rede de saúde para dar seu melhor em prol das pessoas quando entram em uma unidade de saúde procurando alviar suas dores, que muitas vezes vai além do COVID e que quase sempre pode ser aliviada por um olhar um gesto de carinho e tolerância para com nossas fraquezas. Desculpem me se não citar nomes. Mas tenham a certeza, guardei no coração, cada olhar, cada gesto e cada motivação recebida. A vida é sempre o momento presente e o momento presente é de muita felicidade, por ter a certeza de que apesar da descrença de muitos, ainda existem pessoas com essa determinação de fazer o bem ao próximo, de forma profissional mas acima de tudo de forma humana e justa. OBRIGADO A TODOS. Quinta feira,28 de julho de 2021 18:00h, exatamente 8hs após receber alta do meu tratamento.
Domingos Antunes Guimarães. Especial para o Jornal Interação.