Na última quarta-feira (10/04), foi enviado ao governador do Estado de Minas Gerais, Romeu Zema, um requerimento solicitando a revisão do valor da taxa do pedágio, que será implantado entre Varginha e Três Corações. O documento ressalta que as entidades não se opõem à cobrança do pedágio, mas defendem um valor justo, que seja compatível com a realidade socioeconômica da região e população, e que não prejudique o desenvolvimento local.
De acordo com André Yuki, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no Sul de Minas, da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços de Varginha (ACIV) e do Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação de Varginha (SEHAV), o preço alto da tarifa do pedágio poderá influenciar em efeito cascata nos preços dos alimentos.
“Quando os custos de transporte aumentam, os produtores, distribuidores e varejistas podem repassar parte desse aumento aos consumidores. Assim, o valor da cesta básica, hortifrúti e outros produtos poderão ser inflacionados, prejudicando restaurantes, bares e consumidores, principalmente os mais necessitados. Sabemos que o valor do pedágio é uma medida para reequilibrar as contas das concessionárias, mas é importante considerar seu impacto em toda a cadeia produtiva e no bolso dos mineiros. A busca por soluções equilibradas é fundamental para evitar penalizações desnecessárias aos usuários e os consumidores da região”, ressaltou André.
Entre os fatos destacados no requerimento, está a microrregião de Varginha, composta por 16 municípios, com população total de 473.195 habitantes (estimativa IBGE 2023). Somente no município, concentram-se cerca de 150.000 habitantes, sendo o principal centro urbano da região e um importante centro econômico, atraindo trabalhadores de Elói Mendes, Três Pontas, Três Corações, Monsenhor Paulo, Alfenas, Santa da Vargem, Cambuquira e Paraguaçu, que se deslocam diariamente para a cidade para trabalhar e vice-versa.
O comércio do munícipio se destaca como um dos mais pujantes do estado, com mais de 10 mil empresas de diversos setores. As micro e pequenas empresas representam cerca de 90% do total, evidenciando o perfil empreendedor da cidade. Somente o Via Café Shopping Center, recebe mensalmente mais de 120 mil consumidores e o alto custo do pedágio irá impactar diretamente nesse número.
Varginha gera aproximadamente 45 mil empregos diretos e cerca de 90 mil empregos indiretos. Sua posição estratégica tem atraído diversas empresas: em 2023, o número total era de 11.738, de acordo com dados da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg), sendo que 339 estavam em processo de abertura e um pedágio com valor tão elevado, certamente influenciará na decisão dos empresários.
O município é referência nacional de saúde, e por esse motivo, várias pessoas vão até à cidade diariamente para tratamentos e consultas médica. A cada 300 pacientes tratados em radioterapia no Brasil, um é tratado em Varginha. São 52 cidades, com uma população em torno de 900 mil pessoas, aproximadamente 421 pacientes da região atendidos por dia, de acordo com dados da Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON).
O requerimento mostra ainda a referência de Varginha na educação, pois abriga diversas universidades, escolas e instituições do sistema S. São aproximadamente 9.000 alunos se deslocando diariamente ao município.
De acordo com informações do Porto Seco Sul de Minas e Centro do Comércio de Café de Minas Gerais (CCCMG), aproximadamente 1000 veículos de cargas passam pela cidade diariamente e isso levanta sérias preocupações sobre seus impactos na economia e bem-estar da população. O pedágio representará um aumento significativo nos custos de transporte para empresas e consumidores, impactando diretamente no preço final dos produtos, especialmente nos alimentos básicos, encarecendo a cesta básica e pressionando ainda mais o orçamento das famílias de baixa renda, que já lutam para sobreviver.
O presidente do CCCMG, Ricardo Schneider, vê com bons olhos todas as iniciativas de melhoria na infraestrutura de uma região tão importante para a economia do estado. “Esse desenvolvimento, entretanto, não pode estar vinculado a um custo tão alto. É necessário debater o tema de forma a minimizar os impactos e maximizar as melhorias. Nossa posição conjunta está muito bem explicada nesse requerimento enviado ao Governo do Estado. Seguimos abertos a um debate propositivo, visando o melhor caminho para o desenvolvimento da região”, destacou
Segundo relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Varginha é a cidade que mais exportou café no Brasil em 2023, liderando a lista com mais de US$ 1,5 bilhão de dólares exportados. Toda essa produção é escoada por contêineres que transitam pela MG-167, em direção à Fernão Dias (BR-381). A estimativa é que trafegam em torno de 400 caminhões por dia. Um caminhão de nove eixos, por exemplo, vai desembolsar R$ 118,53 em único pedágio, podendo dobrar com o retorno (R$ 237,06).
As entidades que assinaram o requerimento, reconhecem a importância da manutenção da rodovia em boas condições e que o pedágio pode ser um meio para alcançar esse objetivo. No entanto, o valor de R$ 13,17 previsto para a tarifa é considerado abusivo e terá impactos negativos na economia local, como afastamento de empresas e investimentos, dificuldades para trabalhadores, aumento do custo de vida, desvio para estradas vicinais e riscos à segurança.
O valor do pedágio representa um ônus significativo para os trabalhadores que se deslocam diariamente de Varginha para Três Corações. O custo adicional com pedágio seria de aproximadamente R$ 684,84 por mês, o que equivale a quase 50% do salário-mínimo. Isso pode levar à diminuição da renda disponível e ao aumento do custo de vida para a população.
O documento foi assinado pelo presidente da ACIV, Abrasel no Sul de Minas e SEHAV, André Yuki; pelo presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais (FEDERAMINAS), Valmir Rodrigues da Silva; pelo presidente do Sistema Fecomércio MG, Sesc e Senac do Estado de Minas Gerais, Nadim Elias Donato Filho; pelo presidente do Sindicato do Comercio Varejista de Varginha (SINDVAR), Aureliano Zanon Alves; pelo presidente CCCMG, Ricardo Schneider; pelo presidente da Minasul, José Marcos Rafael Magalhães; pelo presidente do Porto Seco Sul de Minas, Cleber Marques de Paiva; pelo reitor do Grupo Unis, Felipe Flausino de Oliveira; pelo presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Varginha, Arnaldo Bottrel Reis; pelo presidente do Sindicato dos Caminhoneiros do Sul de Minas (Sindcam-Sul), Sérgio Augusto Vianna; pela presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Varginha e Região (Sindcomerciario), Cibele Cristina Lemos de Oliveira; pelo presidente da Associação Médica de Varginha (AMV), Dr. Ricardo David Frota; pelo presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Elói Mendes (SPREM), Bruno Pereira Freitas; pelo membro fundador do Grupo de Estudos Econômicos do Sul de Minas (GEESUL), Guilherme Augusto Dionisio Vivaldi; pelo presidente da Associação Comercial e Agroindustrial de Três Pontas (ACAITP), Hugo de Lima Pereira; pelo presidente do Sindicato Rural de Três Pontas, Leonardo Sandy Reis; pelo presidente da Cocatrel, Marco Valério Araújo Brito; pelo presidente da Associação Comercial e Empresarial de Três Corações (ACE), Rodolfo Henrique dos Santos Nogueira e pelo presidente da ATMA Logística e Transporte, Erik Nivaldo Schuelter.
Fonte: Ana Luísa Alves / Assessora de Imprensa da Abrasel no Sul de Minas.
Foto: EPR Vias do Café