Economista-chefe da Fecomércio MG analisa os efeitos da elevação de 0,75 pontos percentuais para empresários, consumidores e governo
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central voltou a elevar a taxa Selic pouco mais de dois meses após reajustá-la para 3,5%. A alta de 0,75 ponto percentual (p.p.), anunciada na última quarta-feira (16/06), fez a taxa básica de juros atingir 4,25%, a terceira alta seguida no ano. Esse instrumento da política monetária é usado como referência para a concessão de crédito tanto às pessoas físicas quanto jurídicas em todo o país.
Em comunicado, o Banco Central considerou que a pressão inflacionária se revelou maior que o esperado, principalmente entre os bens industriais. Além disso, a piora do cenário hídrico – fator preponderante para a alta das tarifas de energia elétrica – contribuiu para manter os preços elevados em curto prazo, mesmo com a recente valorização do real frente ao dólar.
O Copom ainda alertou para a possibilidade de um novo aumento de 0,75 p.p. na próxima reunião do órgão. Se a previsão se cumprir, os juros saltarão para 5% ao ano, mesmo patamar vigente em dezembro de 2019. “Com a deterioração das expectativas de inflação, o Copom adota o rumo contrário o que vinha adotando nos últimos anos: eleva a Selic para encarecer o crédito e controlar os preços”, explica o economista-chefe da Fecomércio MG, Guilherme Almeida.
Após atingir 2% em agosto de 2020, menor percentual da série histórica iniciada em 1986, a Selic iniciou um processo de expansão pouco mais de sete meses depois. Em março deste ano, a taxa subiu 0,75 p.p., chegando a 2,75%; em maio atingiu 3,5%. Agora, mais uma vez, a Selic foi avançou 0,75 p.p, alcançando 4,25%. O especialista da Federação explica, em detalhes, os impactos desse reajuste para consumidores, empresários e o governo.
Impactos ao consumidor
A elevação de 0,75 p.p. na Selic desestimula o consumo em médio prazo, sobretudo de bens duráveis. Uma das razões é que o custo das operações de crédito bancárias não se limita à taxa básica de juros. “A diferença entre esse indicador e os juros cobrados na concessão de crédito bancário é significativa, pois envolve fatores como os custos administrativos, o lucro da instituição, o nível de inadimplência e o risco da operação”, explica o economista.
Desestímulo para a produção
O aumento dos juros básicos deve encarecer o crédito também aos empresários. Segundo Almeida, a tendência é que a Selic reajustada faça o grande investidor aplicar menos recursos na economia real, como investimentos em infraestrutura, e realoque parte desse capital para aplicações financeiras. “Essa ação expande a já elevada capacidade ociosa da indústria, com impactos diretos no comércio, desestimulando a geração de novos empregos e renda”, detalha Almeida.
Piora nas contas do governo
O governo também pode sentir os efeitos da medida. Como serve de parâmetro para a dívida pública, a alta na Selic pode ajudar a expandi-la, degradando a situação de Estados como Minas Gerais, em grave situação fiscal. “Este processo de expansão dos juros, dado o contexto de pandemia e seus gastos excepcionais, aumenta ainda mais o nível de endividamento, comprometendo a retomada da economia pós-crise sanitária”, alerta Almeida.
Novas aumentos na Selic?
De acordo com economistas consultados pelo boletim Focus do Banco Central, espera-se que a taxa Selic atinja 6,25% até dezembro deste ano.
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