Agora em novembro de 2019, saiu um novo livro sobre narratologia e storytelling, agora aplicada às tirinhas de quadrinhos. Como escrever tirinhas de quadrinhos?: Um pequeno manual de roteiro e storytelling, de Rafael Duarte Oliveira Venancio, está em versão ebook na Amazon e é uma primeira iniciativa da To The Moon | Soluções em Storytelling para fomentar as produções no campo.
O link, para quem quiser conhecer, é https://www.amazon.com.br/dp/B081383TZ4
Sobre o autor: Rafael Duarte Oliveira Venancio é Professor universitário, jornalista, escritor, desenhista, filmmaker e storyteller-chief da To the Moon | Soluções em Storytelling. . Doutor em Meios e Processos Audiovisuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), faz em 2019 o seu pós-doutorado na mesma instituição. Desenvolve, no Twitter e no Instagram, o webcomics “Capacetinhos – HQ de Esportes Americanos” (@CapacetinhosHQ)
Descrição do livro:
Três quadrinhos. Apenas três quadrinhos e uma mensagem é passada. Uma pequena história ou uma piada, até mesmo uma releitura de uma poesia famosa. Esses três quadrinhos, normalmente, saem todo dia em um mesmo lugar. Os três quadrinhos de hoje se relacionam na memória com os três quadrinhos de ontem e criam a expectativa dos três quadrinhos de amanhã. Essa é a essência da tirinha de quadrinhos.
Hoje em dia, os quadrinhos são um fenômeno transmidiático. Vemos seus personagens em universos cinematográficos imensos, com mais de duas dezenas de filmes, como é o caso da Marvel. Vemos também estes personagens sendo levados a um uso do cinema próximo do cinearte, onde a obra fílmica ganha autonomia plena, tal como é o caso do protagonismo do Coringa em Joker, da DC. Além disso, os quadrinhos hoje são revistas, livros de capa dura – sejam eles revistas compiladas ou romances completos (as famosas graphic novels) – e, até mesmo, sites da Internet e perfis de redes sociais, compondo o mundo vasto das webcomics.
No entanto, tudo começou com três quadrinhos. Claro que as tirinhas de quadrinhos cada vez estão mais raras em sua forma impressa por causa do avanço da extinção do jornal impresso enquanto veículo massivo. No entanto, as tirinhas fazem tanto sucesso quanto antes, agora na internet, com sites próprios e blogs, bem como em redes sociais, tais como Facebook, Twitter e Instagram.
Por isso que é ainda interessante um livro como este daqui. Um livro que ensina como construir, a partir de uma noção de roteiro, tirinhas de quadrinhos. Elas ainda existem. Ainda há interesse e por isso vale a pena estudá-las e formar pessoas para fazê-las. No entanto, como um pesquisador vindo do campo da Narratologia – especialmente o de influência de A. J. Greimas e seu modelo, ao qual eu dediquei um livro em separado – acredito que a noção de roteiro não basta em si. Há a necessidade de vermos isso sob uma perspectiva mais ampla. Por isso que este livro se utiliza da noção de storytelling para ensinar a feitura de roteiro.
Storytelling, tal como diegese, é alvo de inúmeras definições acadêmicas. No entanto, o termo é mais recente em tais círculos e não possui uma tradição consolidada. De minha lavra e de maneira resumida, defino storytelling como a práxis da narrativa a partir de sua relação locucional, sendo locução aqui o conjunto de formas de uso linguístico que normalmente chamamos de contação, diálogo, narração, entre outras.
Assim, o storytelling não é uma atividade descritiva – ou seja, usar as palavras para descrever as coisas -, muito menos uma atividade dissertativa – ou seja, usar as palavras para dissertar, dar opiniões. Storytelling é uma atividade de contar uma história a partir de locução feita por personagens.
Roteiro e personagem. Esta é a essência do presente livro que busca guiar os interessados no mundo dos quadrinhos a entender e, até mesmo, criar suas tirinhas e HQs. Haverá conceitos teóricos e sugestões práticas. Haverá explicações, mas também questões. Começaremos com o personagem, que é o foco de qualquer tirinha de quadrinhos pensando dentro do storytelling ilustrado. Para ajudar na concepção de personagem trabalharemos tanto a tradicional noção de “ficha de personagem” quanto uma metodologia de nossa autoria, atualizando o tradicional modelo de Greimas, denominada “história de origem”. Depois desenvolveremos uma estrutura de roteiro a partir de uma visão particular de uma fórmula bastante conhecida no mundo midiático: a fórmula situação-ação-outra situação (SAS’).
O esforço do presente livro é para pensarmos em uma maneira simples de escrever as tirinhas de quadrinhos, sendo da mesma forma que as lemos, ou seja, uma maneira agradável, fácil, divertida e, principalmente, criativa. É um livro baseado nas palestras e aulas que dei sobre o tema, utilizando uma linguagem mais simples e acessível do que aquela utilizada nos livros acadêmicos.