Flávio Roscoe
Minas Gerais está unida para defender seus interesses legítimos e superar o cenário de caos no campo da economia e do desenvolvimento social, potencializado negativamente pela paralisação parcial da mineração no estado. Nesta segunda-feira, lançamos o Plano de Investimento – Pacto por Minas, que mobiliza os mineiros por meio de suas lideranças empresariais e políticas. É uma proposta suprapartidária, cujo único compromisso é com os interesses de Minas e dos mineiros.
De fato, a interrupção da atividade minerária atingiu em cheio as esperanças de retomada consistente do crescimento econômico de Minas Geais. Na virada do ano, a projeção era de 3,3% para o crescimento do PIB do estado. Hoje, três meses depois, se nada for feito, corremos o risco de amargar um crescimento negativo da ordem de 4,4% e a perda de 104 mil empregos, considerando-se apenas o setor da mineração. Computando-se os impactos sobre toda a cadeia produtiva, serão perdidos mais de 850 mil empregos.
Isso não pode e, se depender da sociedade mineira, não vai acontecer. O Plano de Investimentos – Pacto por Minas nasce exatamente para nortear ações que as lideranças mineiras vão desenvolver a partir de agora visando devolver ao estado a sua capacidade de crescer de forma sustentada e duradoura. A proposta está estruturada em cinco grandes eixos de atuação – infraestrutura, energia, habitação, saneamento básico e saúde. No total, são 28 projetos e investimentos de R$ 44,6 bilhões, dos quais R$ 20 bilhões originários do setor público e R$ 24 bilhões alocados pela iniciativa privada. O importante é que o caráter estruturante dos projetos selecionados garante, por meio de ações sinérgicas nas diversas cadeias produtivas impactadas, que eles gerem mais e mais crescimento econômico e desenvolvimento social.
Elaborado pelo Conselho de Infraestrutura da FIEMG, a proposta inclui projetos pelos quais Minas Gerais e os mineiros esperam há muito tempo – anos e, em muitos casos, por décadas. Entre eles, destacam-se a duplicação da BR-381, de grande importância econômica em razão da interligação do Vale do Aço a todo o país – e importante também do ponto de vista social, pois em razão de suas precariedades atuais, a rodovia é responsável por um grande número de acidentes com mortes. As obras para alargamento de três viadutos do Anel Rodoviário de Belo Horizonte, que aliviam significativamente o fluxo na via, assim como a construção de novos ramais do metrô da capital, são igualmente prioritárias e se arrastam por décadas. Na verdade, pelas características dos seus projetos, o Plano de Investimentos – Pacto por Minas contempla todas as regiões do estado, incluindo projetos de alta relevância social, como o “Minha Casa, Minha Vida”.
Como muito bem lembrou o senador Antonio Anastasia, o mais importante é que os projetos selecionados são bons para Minas e para o Brasil, estão prontos, são factíveis e não exigem grandes desembolsos do governo federal. Tudo que estes projetos mais precisam é da atenção prioritária no sentido de estruturar propostas de concessão à iniciativa privada – rodovias, por exemplo -, liberação de empréstimos e licenciamentos eventualmente necessários. Estes são pontos importantes, pois deixam muito claro que os pleitos de Minas não representam grandes pressões financeiras sobre o governo federal.
Neste momento, a palavra está com a bancada de parlamentares mineiros na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. O próximo passo será a elaboração de uma agenda objetiva de apresentação das propostas de Minas Gerais aos ministros com os quais existam interfaces, com o objetivo de estabelecimento de cronograma de execução do projeto no período 2019/2025. Para isso, contamos com o fundamental apoio do deputado Diego Andrade, coordenador da bancada federal de Minas Gerais no Congresso Nacional e defensor de primeira ordem do Pacto por Minas e do programa de investimentos lançado.
Minas não reivindica benesses e nem pleiteia favores – apenas exige que seja reconhecida a sua contribuição ao desenvolvimento nacional ao longo da história. A atividade mineradora realizada no estado ao longo dos séculos foi responsável, por décadas, pelo saldo na balança comercial brasileira e continua sendo de extrema relevância. Minas tem a segunda maior população do país e o segundo maior colégio eleitoral brasileiro. Com a mobilização da sociedade mineira, a liderança do governador Romeu Zema, do deputado Diego Andrade e o apoio decisivo da nossa bancada parlamentar na Câmara dos Deputados e no Senador Federal, o Plano de Investimento – Pacto por Minas certamente cumprirá seus objetivos. Minas e os mineiros não abrem mão.
Flávio Roscoe é presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Sistema Fiemg)