Escritora portuguesa premiada, que foi correspondente no Rio de Janeiro, vai apresentar este “romance transatlântico”, todo passado no Brasil, durante o festival de 2019, com a temática“Literatura sem Fronteiras”
A escritora portuguesa Alexandra Lucas Coelho retorna ao Brasil para o lançamento do romance “Deus-Dará” durante a 14ª edição do Festival Literário Internacional de Poços de Caldas, o Flipoços. A atividade é parte da comemoração ao Dia Internacional da Língua Portuguesa, celebrado no dia 05 de maio, mesma data em que ocorre a mesa com a autora, no Teatro da Urca, às 15h30, com entrada gratuita. A mediação é de Susana Ventura.
No Flipoços, Alexandra Lucas Coelho lança a obra que traz uma cidade “pulsando entre a euforia e o caos: o Rio de Janeiro contemporâneo e apocalíptico”. Na trama, sete personagens no presente, e um narrador fora do tempo e dos lugares, convocam 500 anos de história entre Brasil e Portugal.
“Publiquei Deus-dará em 2016 em Portugal, mas sempre pensei que este romance só estaria terminado quando saísse no Brasil”, diz a autora. “Então, para mim é o fecho do círculo, essa edição na Bazar do Tempo, que tive a alegria de fazer com Ana Cecilia Impellizieri Martins. E o périplo que faremos com o livro, do Flipoços a Brasília, de Campinas a Salvador, de São Paulo ao Rio de Janeiro, ao longo do mês de maio. Será uma oportunidade incrível de poder conversar com plateias variadas, da universidade à favela. Para mais no convulso momento político que o Brasil vive, de que o livro é uma espécie de antecâmara.”
O romance acompanha a vida dos personagens entre os anos de 2012 e 2014, com as manifestações de junho de 2013 pelo meio, e projectando-se até à convulsão de 2016.
“Passa-se inteiramente no Rio de Janeiro, onde morei três anos e meio como correspondente, e onde continuo a voltar com frequência”, diz Alexandra. “Mas atravessa 500 anos de história entre Portugal e Brasil, cutucando os fantasmas coloniais, do extermínio indígena, da herança escravagista, presente até hoje. Como um terreiro em que vivos e mortos se podem encontrar. Um retrato transgénero, com vários modos narrativos e recurso a fotografias, desenhos, pinturas, poemas visuais, variações tipográficas, canções.”
Para a escritora Tatiana Salem Levy, que resenhou a edição portuguesa no jornal Valor Econômico, “em época de retrocesso, é um alívio ver a literatura pulsando, a língua se mexendo (…). Essa literatura que, como o Rio, é portuguesa, brasileira, africana, indígena, árabe (…) mistura de diferentes sotaques do português, língua transatlântica (…). Essa cidade em que Alexandra, escritora portuguesa, mergulhou tão profundamente a ponto de fazer com que os próprios cariocas possam vê-la de outra maneira.”
O acadêmico brasileiro Pedro Meira Monteiro, da Universidade de Princeton, destacou: “Como todo grande trabalho literário, Deus-dará não oferece apenas um retrato alegórico do Brasil. Trata-se, de fato, do mais bem-sucedido retrato humano e literário de um dos mais intensos e conturbados momentos da história política brasileira.”
Para a curadora do evento, Gisele Corrêa Ferreira, receber o lançamento da Alexandra Lucas Coelho só reforça a parceria entre Brasil e Portugal, que o festival cultiva desde que foi criado, sobretudo a parceria entre o festival e o Camões Instituto de Língua e Cooperação que auxilia da vinda dos autores.
“Nossa ligação com Portugal é intrínseca e só vem crescendo, ano a ano. Não só nossa parceria com a Embaixada de Portugal e Camões que é fundamental, mas pela troca que temos feito com os portugueses. Posso dizer que o Flipoços é o mais português dos festivais brasileiros. E claro, receber a Alexandra que é uma grande autora e uma voz potente aqui em Poços de Caldas, é uma honra” enfatiza Gisele.
Para além da grande ligação do Festival com as entidades portuguesas no Brasil, em 2018, o Flipoços esteve no FOLIO, em Óbidos, promovendo intercâmbio de autores brasileiros no festival português e em 2019, o Flipoços volta à terra-mãe com mais atividades brasileiras em Portugal.
Sobre a autora
Alexandra Lucas Coelho é uma escritora portuguesa. Tem 11 livros publicados (cinco de não-ficção, quatro romances e dois infanto-juvenis). Até deixar as redacções, trabalhou como jornalista, editora e repórter por muitos anos, cobrindo conflitos em diversas partes do mundo. Foi correspondente em Jerusalém e, de 2010 a 2014, no Rio de Janeiro, onde continua a ir regularmente. Ganhou vários prémios de jornalismo. Mantém duas colunas semanais de opinião.
Pelo romance de estreia “E a Noite Roda” (2012) — uma história de amor no meio do conflito Israel/Palestina — recebeu o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores (APE). O segundo romance, “O Meu Amante de Domingo” (2014) — sátira político-sexual num Portugal em crise, com Nelson Rodrigues, Euclides da Cunha e Brás Cubas como
fantasmas — foi O Livro do Ano “Time Out”, e está traduzido em francês
nas Éditions du Seuil. No fim de 2016 publicou “Deus-dará”. Agora publicado no Brasil pela Bazar do Tempo, este livro foi finalista do Grande Prémio APE em Portugal.
O livro de viagem “Viva México” (2010) foi finalista do Prémio PT, hoje
Oceanos. Tem edição brasileira, tal como o volume de crónicas “Vai,
Brasil” e outros dos seus livros.
O Flipoços é realizado pela GSC Eventos Especiais. Em 2018, o festival recebeu o troféu de vencedor na categoria Cadeia Produtiva do Prêmio IPL – Retratos da Leitura 2018. O Flipoços 2019 conta com o patrocínio do DME e Café Três Corações, com o apoio das entidades Câmara Brasileira do Livro, Câmara Mineira do Livro, Instituto Pró-livro, Embaixada de Portugal no Brasil e Instituto Camões. Parceria Cultural Sesc e Senac Minas. Mais informações, sobre ingressos, programação completa e guia virtual podem ser obtidas no site www.flipocos.com e telefone 35 3697 1551.
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