Um espaço de valorização da cultura negra, ressignificação da história e contemplação do fazer artístico. Quem visita o Centro de Referência da Cultura Negra, além de conhecer o acervo presente, que conta com um tour guiado e gratuito, tem a oportunidade de participar de oficinas ligadas à cultura afro.
Logo ao chegar, o visitante conhece o “Memorial da Cultura Negra”, que traz a trajetória de 20 personalidades negras do município, que deixaram importantes legados em diversas áreas. Em cada expositor, há a foto do homenageado e objetos pessoais que representaram a importância de cada um na história de Araxá. São profissões como professor, pedreiro, ferroviário, bordadeira, entre outras.
Obras de arte, exposição fotográfica, vestimentas e objetos voltados à cultura negra, também podem ser apreciados no espaço. Há ainda a possibilidade de que o cidadão participe das oficinas ministradas pelas monitoras do local: oficina de turbantes, confecção da boneca de pano Abayomi e oficina de brincos afros.
De acordo com a coordenadora do Centro de Referência da Cultura Negra, Viviane Rosa, a integração das oficinas às visitas garante uma experiência ainda mais interativa.
“Além de ser um local que valoriza a cultura negra como um todo, buscamos iniciativas que sejam atrativas a quem o visita. A intenção é que o turista participe dessas atividades e saia daqui com um novo aprendizado e uma nova experiência, que vá além do que o simples contemplar do acervo”, ressalta.
Árvore dos Enforcados
Outro atrativo do centro de referência é o “Memorial da Árvore de Enforcados”, que junto com os quilombos que se formaram na região é um símbolo da resistência negra ao trabalho escravo, onde conta a lenda que um júri popular condenou dois escravos à morte por enforcamento no local. Cenário de retaliações no passado, o tronco hoje, já sem vida, possui outras conotações.
Com mais de 200 anos de existência, em 1998 a árvore foi tombada como patrimônio cultural do município junto ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha). Da espécie Copaífera Langsdorffii, conhecida popularmente como Pau-de-Óleo, ela foi atingida, em 2011, por um raio que decretou sua morte.
Em 2012, mesmo estando de pé, mas já sem folhas, ela foi declarada morta pelo Iepha, que realizou sua baixa como um bem patrimonial. Já na madrugada do 29 de fevereiro de 2020, após um temporal que atingiu a cidade, ela caiu.
Atualmente, no Centro de Referência da Cultura Negra é possível que os turistas e araxaenses visitem o tronco e conheçam de perto a sua história. Para a presidente da Fundação Cultural Calmon Barreto (FCCB), Cynthia Verçosa, o memorial representa um cenário de resistência e reflexão.
“A árvore é um símbolo de uma época que traz muitas lembranças tristes. Mas, com ela, podemos trabalhar o hoje, olhando para a história e repensando os dias atuais. A presença do tronco no espaço nos leva a refletir sobre o que foi essa história, para a tratarmos como um momento de repensar atitudes e ações”, enfatiza.
Assessoria de Comunicação